de plenos acentos:
esdrúxulo é o seu canto
grave a alma
aguda a língua
o coração dos poetas é inundado
de todos os sangues: do fecundo
dos que tombam nas batalhas,
do turvo dos condenados,
do sem nome dos que foram
retirados por um golpe sem mão
e que ao resvalar pelas ruas
cria a penumbra,
do seu próprio sangue
a pele dos poetas é agitada
de eriçados ventos:
à voz projectada do voo da ave
do assobio que o jovem dirige
à bela menina quando ela passa
como nuvem que uma brisa,
ao moldar-lhe a anatomia, ela própria freme,
aos uivos da noite dançando
pelos espaços deslaçados pelos rios
a boca dos poetas esparge
no peito dos que os ouvem
o perfume e a lágrima,
abri-la e fechá-la
é a expansão do céu e da terra
Rui Miguel Duarte
27/11/12
aguda a língua
o coração dos poetas é inundado
de todos os sangues: do fecundo
dos que tombam nas batalhas,
do turvo dos condenados,
do sem nome dos que foram
retirados por um golpe sem mão
e que ao resvalar pelas ruas
cria a penumbra,
do seu próprio sangue
a pele dos poetas é agitada
de eriçados ventos:
à voz projectada do voo da ave
do assobio que o jovem dirige
à bela menina quando ela passa
como nuvem que uma brisa,
ao moldar-lhe a anatomia, ela própria freme,
aos uivos da noite dançando
pelos espaços deslaçados pelos rios
a boca dos poetas esparge
no peito dos que os ouvem
o perfume e a lágrima,
abri-la e fechá-la
é a expansão do céu e da terra
Rui Miguel Duarte
27/11/12