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segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Alfonsina Storni: A Súplica


Alfonsina Storni
(Argentina 1892-1938)

A Súplica

                                                     Tradução Maria Teresa Almeida Pina

Senhor, Senhor, faz já tanto tempo, um dia
Sonhei um amor como jamais pudera
Sonhá-lo ninguém, algum, amor que fora
A vida toda, toda a poesia...

E passava o inverno e não vinha,
E passava também a primavera,
E o verão de novo persistia,
E o outono me encontrava em minha espera.

Senhor, Senhor: minhas costas estão desnudas.
Faça estalar ali, com mão rude,
O açoite que sangra aos perversos!

Que está a tarde já sobre minha vida,
E esta paixão ardente e desmedida,
A hei perdido, Senhor fazendo versos.



in J G de Araujo Jorge, "Os Mais Belos Sonetos Que O Amor Inspirou" - Poesia Universal - Européia e Americana 

sexta-feira, 23 de março de 2012

Alfonsina Storni: RESSURGIR

Passei pelo tamis todas as minhas dores
Estou purificada. E clamo: vida nova!
Que esta vida seja como um ritmo de seda!


Doçura e mais doçura! A placidez da tarde
Prazerosa e de sol, a casinha com heras
E um pedaço de céu que na alma se envolva.


Nenhum anseio mais do que anseio infantil,
Ter as andorinhas de uma quietude eterna
E sentir-me bem... tão intensamente bem!...


Não ler nada, nada, mais que no livro pródigo
O infinito e precioso livro da natureza
E com o peito aberto a sorver suas verdades!...


Com essa vida nova. Realizar o milagre
De cobrir com jasmins a ferida das veias
Fazendo uma canção com restos do infortúnio.


Ter o coração feito um lampejo de luz,
Ter o coração feito um punhado de gemas
Para que se abram sempre frescos e novos brotos.


Ir entrando na vida com asas presas n’alma,
Com asas corporais, com asas nas idéias
E um ligeiro carinho para a morte que avança.


Perdoar, perdoar, não ter nenhum rancor;
Dá-lo todo ao olvido, chorando na plácida


Solidão da noite com um pranto de pérolas.


Pérolas de prenúncio, de olvido, alegria,
De doçura, de gozo em sentir-me serena
E de entender a vida como um ritmo de seda.


Hoje tenho n’alma a alma do Natal.
Hoje o quero assim... Hoje é dia de festa!


Tradução de Cristiane Carvalho e Manolo Graña


via http://www.avozdapoesia.com.br
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