sábado, 31 de maio de 2025

Três poemas de rudi renato júnior

 


de volta ao lar

 

desde a eternidade, senhor,

subi à vossa montanha

como se fugisse,

 

pois a morada dos poetas

(cheia das ciladas

trevosas do inimigo)

nunca mais era rio:

não desaguava no oceano.

 

de fato, se observado

o som do trovão

com que grita a sabedoria,

as nuvens desmanchariam

 

e subir à montanha

não seria fuga,

mas ir – com a inocência

de uma criança – de volta ao lar.

 

 

 

no caminho das boas obras

 

oh deus,

ponha-me no caminho

das boas obras,

 

que a graça do senhor

esteja presente

em cada um dos poemas.

 

joga – no abismo – a palavra demônio

com seus adjetivos de ouro e de prata

e de bronze e de pedra e de madeira.

 

aniquila a idolatria oculta

impregnada

em cada verso.

 

oh deus, inspira

a palavra adequada

ao meu lápis

diante da besta.

 

 

 

poetas, ide ao santuário da justiça

 

poetas,

ide ao santuário

da justiça – eu vos escrevo

pelos pecados acesos.

 

quando – por fim – os dons

irrevogáveis

tornarem puro

tudo aquilo que é impuro,

 

vossos inimigos estarão

debaixo de vossos pés:

os insensatos vão tropeçar.

 

ora, senhor, purificai-me:

mandai-me um mensageiro

que me eleve a voz.

 

algumas vezes, tive sonhos,

pois a morte sobe até o pescoço

e assalta-me em seguida

e rouba-me o brilho:

minha queixa torna-se amarga.

 

a pena, naqueles dias,

não suportava o fogo

que dominará

sobre uivos e choros.

 

eis a resposta do anjo:

queimai vosso coração,

pois é a hora.

 

hei de varrer

a morte de vossas obras,

mas antes virá um dilúvio.

 

colocai, numa arca,

um casal de cada espécie

de palavras.

 

o sacerdote colocará uma faixa

em vossos olhos

para que vossas visões

se direcionem além deste mundo.

eu fiz o instruído

e fui levado a uma montanha,

onde o suco que escorria

de meus versos

tinha uma benção,

 

porque – já naqueles

tempos – amava ardentemente

as palavras.

 

agora, vim para ser curado,

para me deixar conduzir

pelo espírito de deus

e encontrar a sabedoria,

porque é o senhor

quem a dá.

 

e, agora, como um furacão galopante,

fui tomado de visões mais claras.

 

“aqui estou, aqui estou”,

gritam elas

com o seu silêncio de estrela


Mais textos no Instagram do autor: @rudirenatojr


sábado, 24 de maio de 2025

PRIMEIRESSÊNCIAS, novo livro de poemas de Sammis Reachers (download gratuito)

 

O verso força e aplaina seu caminho, escolhe seu momento, gerencia seu parto. Se nunca disseram, vai aqui: um poema não precisa de ninguém, malgrado a vaidade passional de seus fantoches. Bem, pelo menos desta espécie são os versos que formam este Primeiressências.

Meu livro anterior, Cartas e Retornos, nasceu num momento convulso, em pandemia, mas seguindo um projeto editorial de certa forma linear, fincado a eixos temáticos que lhe direcionaram ou estabilizaram o voo, sem limitá-lo, facultando até um maior alcance.

Primeiressências é como uma feira de domingo, com bananas e morangos, grãos e temperos, miúdos de porco e roupas de crochê.

Dividi a obra em certas seções: O Ofício e a Meta, com metapoemas e versos sobre a condição de estar poeta ou escriba, essa miséria luminosa; Primeiressências, a feirinha de totens e sintagmas; Menino, com versos de maior nostalgia ou biografados; A Missão, com poemas iluminados pela alegria de Cristo; Do Amor, com textos espontâneos sobre ele, seguindo uma linha iniciada em meu livro Poemas de Amor em Trânsito. Por fim, Experiessências, com alguns poemas visuais e pseudo-concretos.

No mais, este é só mais um livro de poemas, que podem cuidar de si mesmos.

O livro está disponível em formato eletrônico (e-book em pdf, gratuito) e impresso.


PARA BAIXAR GRATUITAMENTE O E-BOOK PELO GOOGLE DRIVE, CLIQUE AQUI.


O livro impresso (formato 14 x 21cm, 142 páginas) está disponível diretamente comigo, ao preço de 30 reais, já com o valor do frete incluído. Escreva para meu e-mail ( sreachers@gmail.com) , ou entre em contato pelas redes sociais.







domingo, 18 de maio de 2025

Poemas cristãos missionários: Sammis Reachers lança antologia pessoal

 

Este pequenino volume reúne aqueles de meus poemas imbuídos de uma mensagem especial (ou essencial?), uma celebração do espírito missionário/missional, que julgo ser o ânimo (alma) a mover o corpo dito Igreja. Foram publicados ao longo de quase vinte anos, em alguns de meus livros e e-books.

Agregadas aqui estão também algumas frases imbuídas do mesmo espírito, publicadas no livro Sabenças e Sentenças da Missão, ou inéditas em livro.

Que a provocatividade destes versos e frases possa servir de inspiração devocional e missional para sua vida. Eles expressam, de forma inocente ou arguta, lírica ou quase rude, que não há causa maior nem urgência mais premente do que cumprirmos a Grande Comissão.

Para baixar o e-book (formato PDF) pelo Google Drive, CLIQUE AQUI.


sábado, 10 de maio de 2025

Labirintos da Vida - Contos e crônicas de José Feldman reunidos em e-book gratuito

 


O escritor, poeta e promotor cultural José Feldman acaba de lançar um primoroso volume reunindo contos e crônicas. Dono de uma escrita limpa e pungente, amparado em sua vasta cultura humanista e literária, José Feldman sabe falar ao nosso pensar e ao nosso sentir, oferecendo aos seus leitores um banquete que só a boa literatura logra proporcionar.

Conforme as palavras de apresentação do livro,

 

Neste livro de contos e crônicas, somos convidados a adentrar um universo onde a realidade se entrelaça com a emoção, revelando histórias que pulsam como o coração da cidade. As páginas que se seguem trazem à tona a dura verdade das ruas, onde a solidão e o abandono se fazem presentes em cada esquina, em cada olhar perdido.

Aqui, encontramos o retrato de idosos que, esquecidos pela sociedade, enfrentam a solidão com dignidade. Suas histórias nos falam do tempo que escorre como areia entre os dedos, das memórias que se apagam, mas também da sabedoria que perdura. Através de suas vidas, somos lembrados da importância de valorizar cada momento e

cada relação.

Os cachorros abandonados, protagonistas de muitas dessas narrativas, simbolizam o amor incondicional que tanto buscamos. Eles nos ensinam sobre lealdade e compaixão, sobre a amizade que transcende palavras. Em meio aos natais solitários, onde a alegria parece se dissipar, suas presenças iluminam a escuridão, oferecendo um consolo que poucos conseguem compreender.

Cada conto e crônica carrega consigo uma mensagem poderosa para as atuais e futuras gerações. São reflexões sobre a empatia, a solidariedade e a necessidade de olharmos uns pelos outros. Através das relações entre pessoas e seus fiéis companheiros, somos lembrados de que a verdadeira riqueza está na conexão humana e na capacidade de amar sem reservas.

Convido você, leitor, a mergulhar nesta coletânea e deixar que cada história ressoe em seu coração. Que as emoções despertadas aqui inspirem uma nova visão sobre a vida nas ruas, sobre aqueles que muitas vezes passam despercebidos, e sobre a força que encontramos na amizade e no amor. Que, ao final desta leitura, você se sinta motivado a agir, a transformar a realidade ao seu redor e a perpetuar essa mensagem de esperança e compaixão.

Confira o link para download gratuito no blog do autor, AQUI.


quinta-feira, 1 de maio de 2025

SÓ AJUSTAMENTOS, um texto de Agostinho da Silva

 


Só na infância, e na infância com sorte, a maior parte dos homens pode ter uma ideia do que seria o mundo em variedade de real e capacidade de sonho se não tivéssemos de nos adscrever à tarefa de o tornarmos habitável antes de nos pormos a descobrir sua beleza. Fala-se muito do analfabetismo e ele é porventura um grande mal; mas não se repara em que há outros analfabetismos ainda mais graves: o de um especialista de determinada matéria que nada conhece do que os outros estudam ou o dos que vão morrer inconscientes do espetáculo em que Deus os jogou.

Espetáculo no qual deveriam colaborar, porque essa seria a mais verdadeira e a mais pura forma do culto a Deus, e em que não entram senão muito limitadamente. Um dos grandes males que, a par dos grandes benefícios, trouxe consigo o especialismo foi o de fazer supor a quase todos os homens que só são capazes de um determinado trabalho. Isto é, que nasceu cada um médico, engenheiro ou servente de obras; [...] essa crença ficou de uma forma dominante no que diz respeito às artes. Ninguém pensa que pintar, modelar, ou gravar seja patrimônio comum da natureza de homem; e que o sejam igualmente a poesia ou a dança: acha-se que são um dom, uma genialidade, e além de tudo raros. Olha-se o Renascimento italiano como uma época de monstros, quando na verdade cada um dos homens que nele mais admiramos tinha os mesmos recursos de natureza humana que nós temos. O que aconteceu é que devido a circunstâncias que não se repetiram na História, mas que está hoje em nosso poder fazer repetir, eles puderam ter a coragem de se libertar de limitações, de escrúpulos, de antolhos, e se lançaram à suprema aventura de ser o que eram.

 

Agostinho da Silva, SÓ AJUSTAMENTOS [1962], IN "Textos e Ensaios Filosóficos", II, Âncora Editora, 1999, p. 133.


domingo, 20 de abril de 2025

Da borda, um poema de Sammis Reachers

 


Da borda

 

O sol nasce e seus corcéis.

 

Os dias explodem, fragatas sem pavio

sou sucessivamente sammis, ossos de crochê

muralhas sem borda,

quilha que desnorteia

a nau dum norte súbito

 

um capotado um flaneur um aluado falso autista

recarregando as energias negativas

para um meltdown

contra toda a positividade tóxica

ou um shutdown que gere

ao menos um bom poema

 

O que me esgota não tem nome

mas é o que nega flores à primavera

 

Comi um livro novo, indigeri seus albores

de açúcares engenhados

evadi-me inescapável por intra Mongólias

equatotiais, Aconcáguas de chão

fustiguei a chibata dos séculos, e a espada

amendoou-se até granada:

não poderia meu estupor (leitwort, leitmotiv) malhar-se até canção?

 

Olho nos olhos ruivos, rolhos uivos, uilhos lhovos

olhos ruivos crucificados no intróito,

na soleira da causa

 

Meu coração interdiz a meu cérebro:

acalma, mulato

e agradeça a Deus a luz não ser pedras,

chocando-se contra tudo.

 

 Sammis Reachers


quinta-feira, 10 de abril de 2025

14 citações de Soren Kierkegaard sobre o AMOR

 


1.               No seu nível mais profundo, o amor é uma expressão da vontade de viver.

 

2.               Amar as pessoas é a única coisa pela qual vale a pena viver.

 

3.               Aquilo que o homem natural chama amor é, do ponto de vista cristão, amor próprio.

 

4.               Quando no coração vive a inveja, o olhar tem então poder para extrair o impuro até do que é puro; mas quando no coração vive o amor, o olhar tem então poder para amar o bem no que é impuro; mas este olhar não olha para o impuro, antes para o puro que ele ama e faz crescer por via de o amar. Sim, há um poder neste mundo que na sua língua traduz o bem para o mal, mas há um poder vindo de cima que traduz o mal para o bem — é o amor que esconde uma multidão de pecados.

 

5.               "Tu deves amar". Só quando amar é um dever, só então o amor está eternamente assegurado contra qualquer mudança; eternamente libertado em bem-aventurada independência; protegido eterna e felizmente contra o desespero.

 

6.               A mais medíocre de todas as defesas contra a hipocrisia é a sagacidade, ela quase não protege, antes constitui uma perigosa proximidade; a melhor de todas as defesas contra a hipocrisia é o amor, sim, este, além de ser uma defesa, é um abismo escancarado, desde toda eternidade ele nada tem a ver com a hipocrisia. Aí temos mais um fruto pelo qual se reconhece o amor: ele preserva o amoroso de cair nas ciladas do hipócrita.

 

7.               [Porém,] a Deus tu deves amar em obediência incondicional, mesmo que aquilo que Ele exige de ti possa parecer ser para ti algo danoso, sim, danoso até para a Sua própria causa; pois a sabedoria divina não tem relação de comparação com a tua, e a providência divina não tem obrigação de prestar contas à tua inteligência; tu só tens que obedecer, amando.

 

8.               Enganar-se a si mesmo quanto ao amor, é o mais horrível, é uma perda eterna, para a qual não há reparação nem no tempo nem na eternidade. Pois nos outros casos, por mais diversos que sejam, em que se fala do ser enganado no amor, o enganado se relaciona mesmo assim com o amor, e o engano consiste apenas em que o amor não estava onde se acreditava estar; aquele, porém, que se engana a si mesmo excluiu-se a si mesmo e excluiu-se do amor. Também se fala de alguém ser enganado pela vida ou na vida; mas para aquele que numa autoilusão enganou a si mesmo quanto à vida, a perda é irreparável. Mesmo aquele que ao longo de toda sua vida foi enganado pela vida, pode receber da eternidade uma copiosa reparação; mas o que se enganou a si mesmo impediu a si mesmo de conquistar o eterno. Aquele que, exatamente por seu amor, tornou-se uma vítima do engano humano, oh, o que é mesmo que terá perdido, quando se mostrar na eternidade que o amor permanece, depois que cessou o engano! Aquele, porém, que engenhosamente enganou a si mesmo, caminhando sagazmente para a armadilha da sagacidade, ai, mesmo que durante toda a sua vida se considerasse feliz em sua ilusão, o que não terá ele perdido, quando na eternidade se mostrar que ele se enganou a si mesmo! Pois na temporalidade talvez um homem consiga prescindir do amor, talvez tenha êxito em evadir-se ao longo do tempo sem descobrir o autoengano, talvez tenha sucesso no mais terrível – numa ilusão, orgulhoso de permanecer nela; mas na eternidade ele não pode prescindir do amor, e não pode deixar de descobrir que pôs tudo a perder.

 

9.               Pois o que vincula o temporal e a eternidade, o que é, senão o amor, que justamente por isso existe antes de tudo, e permanece depois que tudo acabou. Mas justamente porque o amor é assim o vínculo da eternidade, e justamente porque a temporalidade e a eternidade são de natureza diferente, justamente por isso o amor pode parecer um fardo para a sagacidade terrena da temporalidade, e por isso na temporalidade pode parecer ao homem sensual um imenso alívio lançar para longe de si este vínculo da eternidade.

 

10.          Cada árvore se conhece pelo seu fruto, e assim também o amor pelo seu próprio fruto, e o amor do qual fala o Cristianismo, por seu fruto próprio: pois que ele tem em si a verdade da eternidade! Todo outro amor, quer ele, falando humanamente, perca logo suas pétalas e se transforme, quer ele se conserve amorosamente nas estações da temporalidade: não deixa de ser efêmero, apenas floresce. É isso justamente o frágil e o melancólico nele, quer floresça por uma hora, quer por setenta anos; mas o amor cristão é eterno. Por isso a ninguém ocorreria dizer do amor cristão que ele floresce; a nenhum poeta, caso ele se compreenda, ocorreria cantar este amor. Pois o que o poeta deve cantar tem de possuir a melancolia que é o enigma da sua própria vida: deve florescer, ai, e deve perecer. Mas o amor cristão permanece, e justamente por isso ele é; porque o que perece floresce, e o que floresce perece, mas aquilo que é não pode ser cantado, deve ser crido e ser vivido.

 

11.          De onde vem o amor, onde está sua origem e sua fonte, onde é o lugar que constitui seu paradeiro, do qual ele provém? Sim, este lugar é oculto ou está no oculto. Há um lugar assim no mais Íntimo do homem, deste lugar procede a vida do amor, pois "do coração procede a vida" (Provérbios 4.23). Mas não consegues ver este lugar; por mais que tu penetres, a origem se esquiva na distância e no ocultamento; mesmo quando tiveres penetrado no mais profundo, a origem parece estar sempre um pouco mais profunda, assim como a origem da fonte, que justamente quando estás mais próximo se afasta ao máximo. Deste lugar procede o amor, por múltiplos caminhos; mas por nenhum desses caminhos podes penetrar na sua gênese oculta. Como Deus mora numa luz da qual emana cada raio que ilumina o mundo, enquanto porém ninguém pode penetrar por esses caminhos para ver a Deus, pois os caminhos da luz se transformam em escuridão quando a gente se volta contra a luz; assim também mora o amor no ocultamento, ou mora ocultamente no mais íntimo. Tal como o manancial da fonte atrai pela persuasão de seu murmúrio cantarolante, sim, quase pede ao homem que vá por este caminho e não pretenda indiscretamente remontar para encontrar a sua origem e revelar o seu mistério; tal como os raios do sol convidam o homem a contemplar, com seu auxílio, a magnificência do mundo, mas advertindo castigam o temerário com a cegueira quando este se volta indiscretamente e atrevido para descobrir a origem da luz; tal como a fé, acenando, se oferece ao homem como companheira de viagem no caminho da vida, mas petrifica o atrevido que se volta para compreender abusadamente; assim também é o desejo e o pedido do amor que a sua origem escondida e a sua vida oculta no mais íntimo permaneçam um segredo, que ninguém curiosa e abusadamente queira invadir importunando para ver o que afinal não pode ver, mas que com sua indiscrição bem pode pôr a perder da alegria e da bênção. É sempre o sofrimento mais doloroso quando o médico é obrigado a cortar e a avançar até as partes mais nobres e mais ocultas do corpo humano; assim também é o sofrimento mais doloroso e também o mais prejudicial quando alguém em vez de se alegrar com o amor em suas manifestações quer alegrar-se em esquadrinhar o amor, quer dizer, perturbá-lo.

 

12.          Lá onde o puramente humano quer precipitar-se para a frente, o mandamento [tu deves amar] retém; lá onde o puramente humano quer perder a coragem, o mandamento reforça; lá onde o puramente humano quer declarar-se cansado e experiente, o mandamento inflama e dá sabedoria. O mandamento consome e incendeia o que há de malsão em teu amor, mas graças ao mandamento tu deves, por tua vez, inflamar aquele que, humanamente falando, quer ceder. Lá onde achas que podes facilmente te orientar sozinho, toma o mandamento para te orientar; lá onde desesperadamente queres te orientar, deves tomar o mandamento para te orientar; mas lá onde não sabes te orientar, o mandamento deve então orientar-te de modo que tudo acabe ficando bem.

 

13.          Pois é o amor cristão que descobre e sabe que o próximo existe e – o que dá no mesmo – que cada um é o próximo. Se amar não fosse um dever, também não haveria o conceito do próximo; mas só se extirpa o egoístico da predileção e só se preserva a igualdade do eterno quando se ama o próximo.

 

14.          O amor natural é definido pelo objeto, a amizade é definida pelo objeto, só o amor ao próximo é definido pelo amor.


Frases extraídas do e-book gratuito 150 Frases de Soren Kierkegaard.

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Se desejar, confira ainda o e-book Kierkegaard em 250 Citações, disponível na Amazon.


sexta-feira, 28 de março de 2025

Salve o Corinthians, um poema de Gióia Júnior

 


SALVE O CORINTHIANS!

 

Lá vem a bandeira

brincando na brisa;

lá vem o Corinthians

suando a camisa,

trazendo a vitória

que o povo precisa,

brilhando de novo

nos olhos da Elisa!

Lá vem o Corinthians

com garra e com saldo

nas mãos do Tobias,

nos pés do Geraldo —

batendo na bola

com raça e com fé —

Palhinha, Adãozinho

e a muralha Zé.

Lá vem o Corinthians

do sangue e da raça,

buscando a conquista

de mais uma taça.

Não há quem segure,

não há quem resista,

a força alvinegra

da gente paulista!

O grito contido

nos anos de espera

sacode a cidade

e explode a galera,

reboa festivo

na rua e na praça

erguendo a bandeira

e empunhando a taça.

Não há quem refreie

o ímpeto novo

e a garra de sempre

do time do povo.

Não há quem contenha

a nossa emoção,

não há quem abafe

a voz do povão,

não há quem sufoque

milhões de esperanças,

no som dos tambores,

na voz das crianças;

não há quem duvide

da linda canção:

o nosso Corinthians

é o grande campeão!

 

Do livro O Nó da Gravata (Melhoramentos, 1978).

 *    *    *    *    *

Gióia Júnior (1931 - 1996) foi poeta, jornalista, político (Vereador, Deputado Estadual e Federal) e radialista. É considerado por muitos o maior poeta evangélico brasileiro.


sábado, 15 de março de 2025

FLIPERAMIGOS - Resenhas e Crônicas Retrogamers de Sammis Reachers reunidas em e-book GRATUITO


Um passeio pitoresco e bem humorado pelo universo dos fliperamas e videogames das décadas de oitenta e noventa.

 

Nascido em 1978, minha infância e adolescência transcorreram nas décadas de 80 e 90. Na adolescência eu tinha duas grandes paixões, ou mais que isso, mas essas duas eram as mais regulares e onerosas: quadrinhos e jogos eletrônicos.  Passei pela clássica segunda geração dos consoles caseiros, mas vivi realmente as terceira, quarta, quinta e sexta gerações dos videogames. Além de ter experienciado toda a vibe dos fliperamas, verdadeiros "templos" onde eu depositava meu tempo e suadas fichas.

A partir de 2020, com a eclosão da pandemia de Covid e seu lockdown, o tempo “ocioso” de quase todos, para o bem e para o mal, foi catapultado para muito adiante. Assim, pude dedicar um tempo maior à jogatina nos emuladores, o que fazia, até ali, apenas muito esporadicamente. Comecei então um movimento natural de escrever  resenhas e análises de jogos por pura diversão e higiene mental, uma fuga ou descanso das atividades editoriais e literárias mais "sisudas" a que geralmente me dedico. A inspiração veio de meu amigo Luiz Miguel Gianeli e seu projeto Muito Além dos Videogames que, além dos livros editados, hoje mantém uma revista (onde colaboro).

O resultado desta literatura (retro)gamer está aqui, neste amplo compilado de textos – algumas crônicas e muitas resenhas, abarcando mais de 120 jogos – escritos de 2019 a 2025. E o livro ainda carrega poemas e um conto dentro da temática dos fliperamas.

É de graça. Leia e compartilhe!


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quarta-feira, 12 de março de 2025

FILOSOFIA em 300 Citações: Algumas das melhores definições e reflexões de todos os tempos sobre a Filosofia

 


A Filosofia é uma disciplina fascinante, que nos permite explorar as grandes questões da vida e do universo. É a busca pelo conhecimento e pela verdade através do raciocínio e da reflexão. A Filosofia nos ajuda a compreender o mundo em que vivemos e a encontrar nosso lugar nele.

Aqui, admiradores, praticantes e bom número de detratores se unem no objetivo de definir a filosofia e também seu operário etéreo (mas que vezes sua sangue), o filósofo, numa seleção que, se está longe de ser exaustiva, ainda assim é única em língua portuguesa.

Georg Fisher dizia que “uma frase é capaz de mudar um destino”. Há aqui frases de considerável profundidade, ao lado doutras de patente superficialidade; mas, ao final, é o leitor quem lhes determinará o alcance.

No mais, que eles – amantes e desafetos – falem por ela, a compenetrada e tão senhora de si Sofia que a tantos apaixona e desespera, salva e faz perder.

 

Sammis Reachers, organizador


O E-BOOK ESTÁ DISPONÍVEL NA AMAZON, AQUI: https://www.amazon.com.br/dp/B0DY9YYG3L 



segunda-feira, 3 de março de 2025

Dois poemas de Gwendolyn Brooks

 


A MÃE


Abortos não te deixam esquecer.
Você se lembra das crianças que gerou mas não teve,
Da polpinha molhada com pouco ou nenhum cabelo,
Cantores e trabalhadores que nunca viram a luz do dia.
Você nunca irá negligenciá-los ou bater
Neles, ou mandar eles se calarem ou lhes comprar um confeito.
Você nunca vai arrancar da boca o dedo que chupam
Ou espantar os fantasmas que aparecem.
Você nunca vai abandoná-los, controlando seu suspiro luxurioso,
Nem vai voltar para comê-los, com devoradores olhos de mãe.

Eu ouvi nas vozes do vento as vozes das minhas indefinidas crianças mortas.
Eu me contraí. Eu acalmei
Meus entes indefinidos, nos peitos em que eles nunca mamaram.
Eu disse, Queridos, se eu pequei, se eu tivesse decidido
Sua sorte
E suas vidas de ter um alcance incompleto
Se eu lhes roubei seus nascimentos e seus nomes,
Suas lágrimas de bebê e suas brincadeiras,
Seus amores estranhos ou fofos, seus tumultos, seus casamentos, suas dores, e mortes
Se eu envenenei o começo dos seus fôlegos,
Acreditem em mim que mesmo na minha assertividade eu não fui assertiva.
Mas mesmo assim porque deveria eu choramingar,
Choramingar que o crime não foi meu? —
Porque de todo jeito vocês estão mortos.
Ou melhor, pelo contrário,
Vocês nunca foram feitos.
Mas isso também, suponho,
É uma culpa: ai, o que é pra eu dizer, como dizer a verdade?
Vocês nasceram, tiveram corpo, morreram.
A diferença é que vocês nunca riram ou fizeram planos ou choraram.

Acreditem, eu amei todos vocês.
Acreditem, eu conhecia todos vocês, ainda que pouco, e amei, amei vocês
Todos.

Trad.: Adelaide Ivánova


A GENTE É LEGAL

 

Jogadores de Sinuca.

Sete no Taco de Ouro.

 

A gente é legal. A gente

Largou o colegial. A gente

 

Manda na madruga. A gente

Acerta na sinuca. A gente

 

Foge de igreja. A gente

Segue a cerveja. A gente

 

Samba à beça. A gente

Morre depressa.


Trad.: Lauro Maia Amorim

sábado, 22 de fevereiro de 2025

200 Citações Sobre a ALEGRIA

 

Alegria.

Imersos num turbilhão de sentimentos e solicitações, bombardeados por informação – muitas vezes tóxica, opressiva, rasa –, feridos por receios e ansiedades,  buscamos alegria, como quem busca, sem saber, a essência da vida. Mas não a alegria passageira, conquistada ao obter uma promoção no trabalho ou comer uma coxinha sem peso na consciência: ansiamos por alegria duradoura, cientes talvez de que o estado alegre é o nosso estado natural, perdido em alguma curva da história individual ou da espécie.

A alegria contagia e precisa ser assim: Somos seres gregários, e a alegria verdadeira passa por compartilhar este sentimento com os demais, numa troca luminosa.

Aqui, reunimos uma inspiradora coleção de citações, coligidas de autores os mais diversos, sobre este tema que é saúde para o corpo e o espírito. E, ao final deste volume, oferecemos uma reflexão sobre a conquista da verdadeira alegria, muralha contra o desespero e o vazio que nos rondam como que dia e noite.

 

Para baixar gratuitamente o seu exemplar, CLIQUE AQUI.


domingo, 16 de fevereiro de 2025

Sammis Reachers: Deambulações urbanas num domingo carioca

 


São dezessete horas de um domingo de primavera. Cumprindo uma missão agora há pouco na UERJ do Maracanã, aquele monstro de concreto, ao sair me deparei com os vazios e desertos de uma cidade grande aos domingos de tarde. Foi instantâneo: me recordei de quando era rodoviário e solteiro e, ao trabalhar nos domingos, por vezes ao largar daquele trampo feito de sacolejar e de pessoas, saía sozinho pelos vazios urbanos de Niterói ou Rio, desarvorada, desavisada e destemidamente. Sem destino ou maiores objetivos. Que solidão especial, trotando lotada de melancolia e levando na carroça sua refém apaixonada-pois-adoentada da Síndrome de Estocolmo, a poesia... Sim, muitos poemas nasceram nessas andanças. Não, nunca fui assaltado ou indagado. Deus e minha cara de cana (e minha decana bolsa atravessada nas costas) talvez tenham me guardado.

Outro detalhe que me traz reflexão é que a melancolia de andar numa mata, campo ou descampado deserto é diferente da de andar num deserto urbano. Cada qual tem sua docilidade, mas o campo fala de sentimentos atávicos, instintivos ou transcendentes do que é puramente humano; já a urbe possui uma "linha de ansiedade" (é o melhor termo que pude) toda própria, o humano se celebra e exaure em seus próprios maquinários concretos e simbólicos, num jogo de topofilia/topofobia que nos faz querer continuar o jogo do ver e do rever, do estar e do deixar de estar, enquanto somos acolhidos/moídos pelo espaço que incessantemente nos ressignifica enquanto o ressignificamos. Jogo por sinal tão caro à corrente da Geografia que me apraz, a Geografia Humanista ou Fenomenológica.

Divagações livres, mas as deambulações (deambular é justamente andar à toa) hoje interditadas a um homem casado.

Bem, melhor assim.

Sammis Reachers

24/11/24


domingo, 26 de janeiro de 2025

A Marcha do C@nsaço ou O Movimento dos Macetados (2028)

 


Ao defrontar o amontoado de gentes naquela Copacabana espavorida, a atenção era roubada de chofre pela faixa que encabeçava a passeata, faixa segurada pelo DJ Grillozzilla e pela multisexuada instatriz, DandaXXXara: “Dize a tua palavra e segue o teu caminho. E deixa que a roam até o osso”, creditada na faixa ao filósofo espanhol Ortega y Gasset. Na verdade, a frase é de Unamuno, o Miguel, outro filósofo espanhol. Equívoco que, sem infundir demérito, meio que chancelava e vestia os revoltosos.

Chamaram seu movimento simplesmente de A Marcha do C@nsaço ou, termo adotado pelos opressores midiáticos, O Movimento dos Macetados (“?”), e ele assim há de entrar para a história. O motim, que contou com ampla anunciação midiática (que outra?), encaçapou todo tipo de guapo, duma barafunda de díspares pensares, digno deste fim de Pós-modernidade e início de Idade Índigo.

A ideia central, o eixo da grande hélice que uniu pessoas, roedores e contestadores de várias gerações, é o cansaço em relação à torrente de informação disponível por cada vez mais meios, gadgets e cibertranqueiras.

A um filósofo marroquino, Farkour Bibi, anjo decolonial que escreve em perfeito francês, coube o papel de teórico involuntário do novo movimento, ao propor, em seu filosófico Imanifesto Logofrênico, cujo estilo de pacata ou delicada insubmissão lembra o de Thoureau, um alheamento proposital em relação à toda forma de informação mediada, seja essa mediação realizada por livros, internet etc. E da aceitação apenas do que “o outro”, o ao lado, o vizinho, a mãe, o companheiro proletário, o “usuário de uma mesma territorialidade”, pode ensinar, “olho-no-olho”, o autor avança para a celebração da ignorância, o “prazer de não saber”. A celebração anti-socrática radical, a ignorância como construto positivo.

A música-tema do grupo ou levante foi a inescapável Silício Silenciado (do último álbum de Caetano Veloso, Teimosa Poesia, de 2027). O bumba-que-bumba martelava os ares, marcando o ritmo do pisoteio.

Sim, voltemos aos fatos. Os marchadores, iniciando seu trotar pela Avenida Atlântica, estabeleceram uma inovação significativa: A marcha foi realizada com as pessoas andando para trás, ou de costas. Para evitar tombos entre os pouco afeitos a tal avanço inatural, foram cedidas bengalas de acrílico para apoiar os cansados do saber tão fácil.

Um grupo de festin’lésbicas, oriundas de uma pequena facção (das 82) PCdeBista celebrou outra manobra de catarse, efetuando o despir de suas roupas, uma peça a cada cem passos dados por cada uma de suas membras, membras empoderadas e desmembradas de seu movimento – e agora enxertadas, feito próteses, naquele contra-zeitgeist informacional.

Nas proximidades do Forte de Copacabana, limite entre a Av. Atlântica e a Rua Francisco Otaviano, a primeira culminância: fizeram aquilo o inevitável, qual seja, a QUEIMA DE LIVROS. E no entorno da grande fogueira logolibertária, grupos esparsos realizavam o já tradicional gadcrash: a quebra de gadgets, de smartphones a óculos de realidade aumentada, de Nintendos NeoSwitch a prosaicos Vibradores Poéticos, as maquininhas de consolar inconsoláveis que, além do usual ofício, recitam poemas em oitocentas línguas, ponta-de-lança das exportações cambojanas.

O avanço seguiu para o bairro lindeiro de Ipanema, em que a alegoria final seria encenada: a invasão do data center do Google situado na Rua Farme de Amoedo, e a destruição dos mainframes e servidores que, dali, garantiam o acesso ao virtual a quase todo o país. Na porta, novo pandemônio: um dos muitos movimentos que acompanhavam a marcha, o controverso coletivo Afrobrancos, composto de brancos que se reconhecem e se exigem como africanos d’alma, foi alvo de laranjadas e ovadas de alguns dos manifestantes, ojerizados pelas propostas e ideias do grupo, tido por desconstrucionista e diluidor das pautas de direito dos que têm seu lugar de fala.

No entrevero, uma malta inesperada assumiu a proa do debate sobre o tal estreito e mítico lugar de fala, e em defesa dos afrobrancos (alguns dos quais eram seus pais, afinal): um grupo de therians, os humanos que se afirmam pertencer a outra espécie, neste caso cachorros, marchando e debatendo de quatro, desferiu um motim-no-motim ao afirmar que as ruas eram prioritariamente o seu lugar de fala – e as urinadas nos postes o confirmariam – transe ou transporte de um conceito do metafórico para o concreto que desnorteou alguns teóricos que marchavam no evento – um deles, renomado reitor da PUC que, ainda fedendo a livro queimado, viu ali o nascimento em tema de seu mais novo livro.

Nesse pandemônio, prestes a arrombar as portas da infofortaleza globalista, os já cansados revoltosos tombaram sarrados & surrados por grossos jatos d’água gelada & apimentada, emanados de veículos automáticos. Eram drones blindados do conglomerado BYD-Tesla-Carbon a serviço do grande infocapital, providencialmente enviados pela governadora do Estado. Enxarcada e debelada, a multidão, senhora de algumas razões e diversos equívocos, dispersou-se, cada qual encapsulado de volta à sua micro, nanorevolta, tentando recordar o caminho de casa ou sua necessidade.

Sammis Reachers

Publicado originalmente na Revista Bulunga 37 (jan/2025).

 

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