domingo, 31 de março de 2013

CELEBRAÇÃO


“Quando eu morrer batam em latas,
Rompam aos saltos e aos pinotes”

Mário de Sá-Carneiro, “Fim”

Quando morri batestes em latas
fizestes do meu corpo o tambor das vossas festas
rompestes em pinotes na seda de acrobatas

ocultastes-me nas costas de uma pedra
ajaezado numa câmara escura 
na ausência de um fandango
descurado na concha de um frio chão 

Quando nasci de novo bebestes
um brinde de celebração

Quando nasci de novo foi só
uma nova manhã para palpitar 
o encontro dos cálices do coração

no sol o rosto lavastes, ao céu quente
aprendestes a nova canção que os astros 
de há muito sussurravam
as estrelas cadentes 
eram os alegros esparsos

dessa composição por tecer 

Rui Miguel Duarte
31/03/2013

quarta-feira, 27 de março de 2013

LENDA DO ÉDEN


Não procures: é aqui
que as folhas caem
ao fim da tarde 
da primeira tarde
aquela em que o corpo de Adão
foi levantado do chão em que
foi mais do que um sonho
a véspera do novo dia

aqui é Adão
o corpo de Eva
caídas as folhas da tarde
soltas de papel timbrado
dos rios, os quatro rios
do Éden

não procures: é aqui
que o vento grava nas árvores
para sempre o esboço preciso
da primeira tarde
grava-o nos dedos de Deus

Rui Miguel Duarte
25/03/13

domingo, 24 de março de 2013

Odisseu



Odisseu

Tem misericórdia de minha incredulidade, Jove
quando mina minha nau o caos da vaga
e murmuro contra os mundos

Obrigado pelas noites, quando deito-me em minha posição fetal
e estou novamente no ventre de minha mãe,
no ventre de Tuas mãos
e há paz

Mas de dia
ao contemplar a multiplicidade dos braços
de Poseidon e de Hades
golpeando o mundo e buscando abraçar-me
visto-me de escândalo
- como deuses derrotados
podem gritar tão alto?
Eles não tentam atingir-me com espadas
mas têm palavras doces em meus ouvidos
e as recitam suaves
e a cada dia e a cada vez mais
tenho que ser amarrado ao mastro
suportando a morte que vem na sereia
pois eles não tentam me atingir com espadas!, cães!,
como eu gostaria
mas com música suave e tépida
eles vêm pela surdina do dia, dos olhares
combatem como fêmea e como serpente

e cansei-me até a morte de todas as guerras

preciso retornar à Ítaca, Senhor
não tenho medos mas tenho um medo
de ser um repetidor do primeiro homem,
o de nome apagado, a caixa-de-caos matricial,
bastardo pai ou aborto de Pandora

depois da estranha vitória em Tróia
navego dez anos
pelo mar oceano
sou como um andarilho despedindo-me de tudo
vendendo meu adeus para as pedras e torres
combatendo o espanto das ilhas, servindo armas
em meu ofício de armeiro
para todos gregos que me deste encontrar

mas preciso chegar em casa, Pai
em Ítaca e olhar com meus olhos cansados nos olhos cansados de meu amigo Argos,
cão que roubei de Menelau em Esparta
meu cão, o único soldado a ainda oferecer combate
às hienas dos meus inimigos nas ruínas de meu palácio destruído

Preciso postar uma rosa ilírica no túmulo de Penélope,
no túmulo de Telêmaco
e render meu(s) espírito(s)
em solo seco e Teu.

Conheci 34 invernos, a adaga e o mel.
E a mim me basta.

Sammis Reachers

sábado, 16 de março de 2013

Eric Voegelin e o Cristianismo


Paulo Cruz 





 O encontro turbulento e redentor com o Deus Desconhecido, que se tornou o Deus Conhecido por sua presença em Cristo; eis a novidade absoluta do cristianismo perante os mitos, as filosofias e as religiões da Antiguidade. (Eric Voegelin)
Este artigo visa a apresentar um pequeno panorama das relações fundamentais entre a filosofia de Eric Voegelin e o cristianismo.

Perfil biográfico
Erich Hermann Wilhelm Voegelin nasceu em Colônia, na Alemanha, em 03 de janeiro de 1901, e faleceu em Stanford, na Califórnia (EUA), em 19 de janeiro de 1985. Douturou-se na Universidade de Viena em 1922 (foi aluno de Othmar Spann e Hans Kelsen; este último, jurista e redator da constituição de Viena; o primeiro, cientista social), e lá mesmo tornou-se professor associado de Ciência Política, na Faculdade de Direito, em 1929. Em 1938 foi demitido pelo governo nazista, por sua frontal oposição ao regime nacional-socialista e a Hitler. Suas quatro obras publicadas entre 1933 e 1938, onde, dentre outras coisas, denuncia a total falácia do conceito de raças[1], colocaram a Gestapoem seu encalço.
Foge para Suíça com sua esposa, Lissy Voegelin (1906 – 1996), e, de lá, para os Estados Unidos. Passa um ano lecionando no departamento de Ciência Política em Harvard e depois na Universidade do Alabama.
Em 1942, ingressa no corpo docente da Universidade Estadual da Louisiana, permanecendo até 1958, quando recebeu o convite para retornar à Alemanha e fundar o Instituto de Ciência Política da Ludwig-Maximilians-Universität, em Munique, ocupando a cadeira que um dia fora de Max Weber.
Em 1969 retorna definitivamente para os EUA, para o Instituto Hoover para o Estudo da Guerra, Revolução e Paz da Universidade de Stanford, lá permanecendo até sua morte, em 1985.

História e Realidade
Eric Voegelin afirma que o objetivo de sua obra é o que chamou de Filosofia da História, e tem suas origens na situação política que viveu [2]. Uma de suas principais reflexões dá-se no campo da linguagem. Afirma que, por influência das ideologias, a linguagem perverteu-se de tal forma, que é impossível ser usada para expressar a verdade da existência. Sendo assim, é necessário que o filósofo rompa com o círculo intelectual ideológico dominante e saia em busca de recuperar o sentido da realidade; e a melhor maneira de efetivar a retomada deste sentido é o contato com os pensadores do passado que ainda não o tinham perdido, ou que estavam preocupados em recuperá-lo. Tal façanha exige um trabalho árduo, de reconstrução das categorias fundamentais da existência, da experiência, da consciência e da realidade [3].
Segundo Voegelin, dentre as supressões da realidade operadas pelas ideologias – com o intuito de erigir falsos sistemas –, um item sempre excluído é a “experiência de tensão do homem em direção ao plano divino de sua existência” [4], e afirma que este comportamento é denunciado desde a filosofia antiga [5].

Ordem e História
Os volumes de “Ordem e História”, publicados pela Ed. Loyola
Ordem[6] é um termo recorrente na obra de Voegelin. Para ele, as experiências de ordem e desordem remontam ao mundo pré-histórico, e utiliza o termo alienação (αλλοτρίωσις), criado pelos estóicos – um estado de retirada do próprioeu [7] –, para retratar a desordem de nosso tempo. Se existir filosoficamente é ter consciência da humanidade do homem, a alienação é um afastamento dessa consciência.
Ordem e História é seu magnum opus, em cinco volumes, escrito com a finalidade de estudar os símbolos das experiências históricas do ser humano, desde o mundo antigo até a atualidade, e buscar a restauração da ordem da existência. O volume I trata das experiências de revelação no Oriente Próximo – do salto no ser dos antigos hebreus –, e do período dos profetas. Os volumes II e III tratam do período helenístico, e o volume III é dedicado, exclusivamente, a Platão e Aristóteles. Nos volumes IV e V, Voegelin rompe com o projeto
Em “Anamnese”, publicado pela É Realizações, encontramos o desenvolvimento da Filosofia da Consciência de Voegelin.
original e procura construir uma Filosofia da Consciência (e não mais uma Filosofia da História), pois passa a acreditar que o problema da ordem é um problema da consciência. No volume IV há uma interessante exegese cristã, a partir da análise da teologia do apóstolo Paulo.

Voegelin e o Cristianismo
O ponto culminante da pesquisa de Voegelin é sua exegese do cristianismo. Retomando a tradição filosófica desde Platão e Aristóteles, passando por teólogos patrísticos como Clemente de Alexandria e Irineu de Lião; visitando a escolástica de Tomás de Aquino até aportar na exegese histórico-crítica dos teólogos protestantes alemães, Voegelin afirma que o advento de Cristo é a realização dos mitos, das filosofias e das religiões antigas [8].
Na década de 1970, Voegelin proferiu uma palestra denominada Evangelho e Cultura, onde expõe suas ideias a respeito do tema de maneira singular. Inicia afirmando que se a “comunidade do evangelho (a εκκλησία του θεου) não se tivesse penetrado na cultura do tempo ao entrar em sua ‘vida da razão’, teria permanecido uma seita obscura e provavelmente desapareceria da história”[9]. Analisando, então, o que chama de realidade interina [10] – a μεταξύ de Platão –, afirma que a existência não é um fato, mas sim movimento perturbante da realidade interina em direção ao fundamento divino do ser.
Numa passagem magistral, Voegelin fala do momento preciso onde a filosofia grega e o Evangelho se encontraram na história, onde houve a canalização do processo de busca pelo fundamento divino do ser: é na passagem do evangelho de João, capítulo 12, quando um grupo de gregos se aproxima dos apóstolos Filipe e André (nomes gregos!) com o desejo de ver Jesus, ao que Jesus responde que esta é a hora do Filho do Homem ser glorificado [11]. Noutra passagem descreve (de maneira poética) o processo de tensão paradoxal entre o deus mítico da filosofia grega e o Deus cristão [12].
Por fim, Voegelin critica os danos que os caminhos que a própria teologia cristã e seu dogmatismo causaram a essa visão do movimento de busca e de interinidade das realidades humanas, dizendo que, quando a teologia viu narevelação algo pretensa e completamente novo, negligenciou (e contestou) a experiência do homem antigo [13], e que era preciso, como Tomás de Aquino, restabelecer a perspectiva de que o Cristo não é só o Cabeça da Igreja, mas sim, de toda humanidade.
Fazendo ligações e correlações entre a filosofia grega e a mensagem cristã, e afirmando categoricamente não só essa ligação, mas o cumprimento de uma pela outra, é que Voegelin pretende nos mostrar que, tendo o mesmo cerne noético do evangelho, a filosofia deve intervir nas experiências de teofania, a fim de entender e resgatar a realidade da existência em direção ao fundamento do ser.

Ainda há algo a considerar: Voegelin foi muito criticado por alguns contemporâneos seus, pelo fato de não ter manifestado, em nenhum momento, sua fé cristã. Muito pelo contrário, sua exegese ignora alguns dogmas cristãos tradicionais – como a ressurreição de Cristo, a parusia –, bem como o sentido de salvação, fundamental e imprescindível na teologia cristã. Porém, temos de compreender que a intenção de Voegelin não era dogmática; ele não pretendia criar uma doutrina cristã, mas, simplesmente, enquadrar sua análise do cristianismo no contexto de sua filosofia da ordem; e, de fato, para ele, o cristianismo é a culminância do processo de diferenciação[14] da revelação da realidade em direção ao Fundamento. No entanto, acusa a doutrina cristã de ter-se distanciado do drama histórico da revelação, descarrilando no gnosticismo[15], dando origem a ideologias revolucionárias – inclusive dentro do próprio seio do cristianismo.
O debate acerca dessas questões não está encerrado, e, também, o próprio Voegelin nunca se pretendeu unânime. Mas não podemos negar que estamos diante de um grande filósofo, e suas análises – bem como as de outros pensadores ao longo da História (alguns citados neste artigo) – das patologias existenciais de nosso tempo, nos fornecem elementos suficientes para que busquemos um caminho para a restauração da ordem do homem e da sociedade.
Paulo Cruz

Notas:
[1] O movimento nacional-socialista estava em franca ascensão, e, embora ainda não fosse possível antever sua chegada ao poder, o debate sobre as raças, o problema dos judeus e outras questões afins estavam muito presentes. O material se oferecia naturalmente à análise, e daí surgiram meus dois volumes sobre a questão da raça. A esse volumes incorporei também conhecimentos recém-adquiridos, e agora aprimorados, de teoria biológica. (VOEGELIN, Eric. 2008, p. 69, 70).
[2] “As motivações de minha obra, que culmina em uma filosofia da história, são simples. Elas têm origem na situação política. Qualquer pessoa bem informada e inteligente que, como eu, tenha testemunhado a história do século XX desde o fim da Primeira Guerra Mundial, se vê cercada, e mesmo asfixiada, pela maré montante da linguagem ideológica. (…) Por ser impossível reconhecer como debatedores os que se valem da um linguagem ideológica, é preciso torná-los objeto de investigação.” (Ibid., p. 139)
[3] Ibid., p. 143
[4] Ibid., p. 146
[5] “Renunciar ao plano divino significa recusar-se a reconhecer que sua existência é constitutiva da realidade do homem. Essa renúncia deliberada à experiência fundamental da realidade foi diagnosticada pelos estóicos como uma doença do espírito”. (Ibid., p. 148)
[6] “Ordem é a estrutura da realidade como experienciada pelo homem, bem como a sintonia entre o homem e uma ordem não fabricada por ele; isto é, a ordem cósmica.” (Ibid., p. 117)
[7] “Na psicopatologia estóica, allotriosis é um estado de retirada do próprioeu, o qual se constitui pela tensão entre o homem e o plano divino da existência. Uma vez que, tanto na filosofia clássica quanto na estóica, o plano divino da existência é o logos, ou fonte de ordem neste mundo, a retirada doeu, constituído por essa força ordenadora, é um recuo da razão na existência”. (Ibid., p. 118)
[8] “O encontro turbulento e redentor com o Deus Desconhecido que se tornou o Deus Conhecido pela sua presença em Cristo, eis a novidade absoluta do cristianismo perante os mitos, as filosofias e as religiões da Antiguidade”. (HENRIQUES, Mendo Castro. 2010, p. 180)
[9] VOEGELIN, Eric. 1988.
[10] “Tanto o chamado erotismo platônico da busca (zetesís) quanto a atitude aporética de Aristóteles, intelectualmente mais agressiva, reconhecem no “homem questionante” o homem movido por Deus a pôr as questões que o conduziram à causa do ser (arché).  A própria busca é a evidência da inquietação existencial; no ato de questionar, a experiência humana de tensão (tasís) para o fundamento divino irrompe na palavra da interrogação como uma oração pelo Verbo da resposta.  Questões e respostas estão intimamente relacionadas; a busca move-se no que Platão designou por metaxy, a realidade interina da pobreza e da riqueza, do humano e do divino; a questão é conhecimento, mas este conhecimento é ainda o tremor de uma questão que pode ou não alcançar a verdadeira resposta”. (Ibid., 1988).
[11] “Ora, havia alguns gregos, entre os que tinham subido a adorar no dia da festa.
Estes, pois, dirigiram-se a Filipe, que era de Betsaida da Galiléia, e rogaram-lhe, dizendo: Senhor, queríamos ver a Jesus.
Filipe foi dizê-lo a André, e então André e Filipe o disseram a Jesus.
E Jesus lhes respondeu, dizendo: É chegada a hora em que o Filho do homem há de ser glorificado”. (Jo 12: 20-23)
[12] “O Deus que brinca com o homem como um fantoche não é o Deus que se torna homem para salvar a vida, sofrendo a morte. O que gerou a narrativa salvífica da encarnação, morte e ressurreição divinas em resposta à questão da vida e da morte, é consideravelmente mais complexo do que a filosofia clássica; é mais rico devido ao fervor missionário do seu universalismo espiritual; é mais pobre pela sua negligência do controle noético; é mais amplo pelo seu apelo à humanidade inarticulada no homem comum, mais restrito devido à tendência contra a sabedoria articulada dos sábios; mais imponente através do seu tom imperial de autoridade divina; mais desequilibrado devido à sua ferocidade apocalíptica que conduz ao conflito com as condições da existência humana em sociedade; mais compacto devido à sua generosa absorção de extratos anteriores de imaginação mítica, especialmente devido à recepção da historiogênese israelita e à exuberância dos milagres operados; mais diferenciado através da experiência intensamente articulada da ação amoroso-divina na iluminação da existência pela verdade.” (Op. Cit., 1988)
[13] “Uma vez que a revelação (a diferenciação da consciência pneumática) tinha de ser algo completamente novo, que marcasse uma nova época na história, a presença, de forma compactada, do estrato pneumático no pensamento do homem primitivo foi negligenciada e mesmo contestada”. (Op. Cit. 2008, p. 160, 161)
[14] DIFERENCIAÇÃO: Processo pelo qual a verdade da existência é compreendida e articulada de um modo mais completo e profundo. Platão, por exemplo, diferencia a realidade transcendente como uma presença na alma denotada por termos como “noûs” e “helkein”. A compreensão mais compacta de transcendência nas sociedades cosmológicas compreendia o universal como um poder no cosmos. (FEDERICI, Michael P. 2011, p. 194)
[15] GNOSTICISMO: Ideologia que afirma o conhecimento absoluto da realidade. Segundo Voegelin, caracteriza o mundo moderno. É engendrado pela insatisfação com a estrutura da existência como ela é, pela crença de que uma nova ordem pode ser criada pela execução de um plano revolucionário de ação, baseado na gnose. A nova ordem representa uma transformação da natureza humana e da própria estrutura da existência. (Ibid., pp. 199, 200).
__________________________________________________________
Bibliografia:
FEDERICI, Michael P. Eric Voegelin – A restauração da ordem. São Paulo: É Realizações, 2011. Tradução de Elpídio Mário Dantas Fonseca.
HENRIQUES, Mendo Castro. A filosofia civil de Eric Voegelin. São Paulo: É Realizações, 2010.
PLATÃO. A República. São Paulo: Martins Fontes, 2006. Tradução de Anna Lia Amaral de Almeida Prado.
SANDOZ, Ellis. A revolução voegeliniana. São Paulo: É Realizações, 2010. Tradução de Elpídio Mário Dantas Fonseca.
VOEGELIN, Eric. Anamnese. São Paulo: É Realizações, 2009. Tradução de Elpídio Mário Dantas Fonseca.
VOEGELIN, Eric. Reflexões autobiográficas. São Paulo: É Realizações, 2008.  Tradução de Maria Inês de Carvalho.
VOEGELIN, Eric. Ordem e História (vols. I, II, III, IV, V). São Paulo: Loyola, 2010. Tradução:  Cecília Camargo Bartolotti (I, III), Luciana Pudenzi (II, V) e Edson Bini (IV).
VOEGELIN, Eric. Evangelho e Cultura. 1988. Disponível em: <http://www.franciscorazzo.com.br/?p=749>. Acesso em 22 de fevereiro de 2010. Tradução de Mendo Castro Henriques.

sexta-feira, 15 de março de 2013

O QUE SE DIZ DO SANGUE

“Aqui, do sangue, nasceu o encontro
o esplendor”
António Ramos Rosa

Do sangue nasceu o que foi dado
do céu e da terra, e nisto ambos se abriram
no enlace fatal

em que o poder foi quebrado nas mãos
molhado o rosto da penitência

foi aqui, na boca da manhã
que a justiça
reclamou o seu sangue desde a raiz
do tempo quando muitos cálices
eram derramados
mas um só havia a beber

no sangue que as mãos
rebentaram e deram ao oiro
o seu esplendor

Rui Miguel Duarte
15/03/14

terça-feira, 12 de março de 2013

O QUE RESTA

                                  

Um capote número 42 pequeno para a morte
que a guerra poupou, agora
semi fechado agasalha o silêncio

um capote que um corpo já não pesa
a manga como a corda que se lança
do convés para um braço triste
as mãos intocáveis do soldado só sonhadas
misturam-se com raízes em qualquer lugar
há um buraco ainda quente, vazio
num boné em que o filho há-de crescer.

11/3/2013



© J.T.Parreira


quarta-feira, 6 de março de 2013

O CAIS



Tudo é silêncio de cimento”
Marcos Konder Reis



O cais está parado no último regresso
espera fumo ao longe, a Ocidente
a linha é inquebrantável, o cimento
está silencioso, a gare sem olhos
a água imóvel espera rostos debruçados
tudo o que há são velhos óleos
reflectidos.


14/2/2012


© J.T.Parreira

sábado, 2 de março de 2013

Concurso Publiki Meu Livro: A chance de ter seu livro publicado gratuitamente



O CONCURSO

O Concurso Cultural “Publiki Meu Livro” tem como objetivo selecionar obras inéditas, em língua portuguesa e incentivar o lançamento de novos autores que não estejam inseridos no mercado editorial brasileiro ainda.
A promoção e a publicação desses livros, busca divulgar a produção literária nacional, a descoberta e promoção de novos talentos.

METODOLOGIA DE ESCOLHA

As resenhas das obras inscritas em nosso site (www.publiki.me/concurso), juntamente com o nome do livro, títulos dos capítulos e o autor serão publicados exclusivamente na nossa fanpage (www.facebook.com/publikionline) para votação aberta no facebook.
A Publiki selecionará 1 (um) original para publicação, dentre as 5 (cinco) resenhas com maior número de “curtidas” e “compartilhamentos” a partir de nossa fanpage. As “curtidas” e “compartilhamentos” só serão validados e contabilizados se efetuados nas postagens originadas a partir da nossa fanpage. Postagens e comentários inseridos por terceiros em nossa fanpage ou copiados e colados em outras páginas e perfis do facebook serão desconsiderados para efeito de contagem de votos.

DIVULGAÇÃO DOS AUTORES

Os autores, fãs e torcedores poderão compartilhar livremente os links das suas resenhas nas redes sociais, blogs e e-mails convidando outras pessoas para curtirem e se engajarem na divulgação dessas obras.
Os participantes podem se utilizar de toda a criatividade para divulgar seus links através de videos, cartazes, imagens, QR codes, campanhas virais e outras formas de convites desde que não sejam abusivos nem desrespeitem os termos e condições de utilização do facebook e das outras redes onde forem divulgados os links.

PARTICIPAÇÃO

Para participar do concurso “Publiki Meu Livro”, os autores deverão obrigatoriamente curtir nossa fanpage (www.facebook.com/publikionline) e inscrever os textos inéditos, em língua portuguesa, por meio do preenchimento do formulário de cadastro e envio de originais disponível no site do concurso (www.publiki.me/concurso) até o dia 15 de junho de 2013.
O arquivo a ser enviado deverá estar em Word (.doc) ou Acrobat (.pdf) e não exceder o tamanho de 5Mb.
Não há limite de envio de quantidade de originais por autor. Os autores podem participar com quantos originais desejarem desde que não sejam envios duplicados da mesma obra. Também não há limite de idade para os autores nem exigência de que o autor seja de nacionalidade brasileira.
O tema proposto é livre, mas deverá estar em língua portuguesa. A avaliação dos 5 (cinco) textos finalistas será realizada com base nos critérios de originalidade, criatividade qualidade técnica e coesão empregada. A Comissão de Avaliação e Jurados será indicada pela Publiki.
O vencedor do concurso “Publiki Meu Livro” será anunciado no dia 1 de julho de 2013.

PREMIAÇÃO

O autor da obra selecionada receberá como prêmio a edição completa de sua obra incluindo:
  •  Revisão textual;
  •  Projeto gráfico e desenvolvimento de capa;
  •  Diagramação para impressão e formatos digitais ePub e MOBI;
  •  Contrato de edição com o selo Publiki, devidamente regulamentado em cartório;
  •  Registro de ISBN;
  •  Indexação e depósito legal da obra na Biblioteca Nacional;
  •  01 Evento de lançamento na capital do Rio de Janeiro, sendo o custo de translado por conta do autor. Se menor de 18 anos deverá estar acompanhado por responsável legal;
  •  Impressão de 30 exemplares para o lançamento. Todo lucro obtido com a venda destes exemplares no lançamento será destinado ao autor;
  •  Venda e envio do livro físico para todo Brasil em nossa loja virtual;
  •  Venda do eBook na Amazon, Saraiva, Cultura, Livraria da Travessa e outros sites;
  •  Divulgação do livro e do autor em nossas redes sociais, newsletter e sites parceiros.

SORTEIOS E BRINDES

Enquanto durar o concurso, serão sorteados diversos brindes para aqueles que divulgarem a hastag #publikimeulivrono Twitter. Será sorteado também dois exemplare do livro finalista entre aqueles que curtirem a nossa fanpage.
Está esperando o que? Envie sua obra ou então escolha o seu autor preferido e participe também do Concurso Cultural #PublikiMeuLivro.
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