O Concretismo é um movimento de vanguarda na música erudita e nas artes plásticas que surge na Europa nos anos 50. Na literatura, a primeira manifestação oficial se dá no Brasil. O movimento defende a racionalidade e rejeita o Expressionismo, o acaso e a abstração lírica e aleatória. Não há intimismo nas obras, nem preocupação com o tema. A idéia é acabar com a distinção entre forma e conteúdo e criar uma nova linguagem.
Na década de 60, poetas e músicos envolvem-se com temas sociais. De modo geral, é uma ligação pessoal, sem destaque na obra, a qual se preocupa mais com a inovação da linguagem. Muitos artistas, porém, defendem a afirmação do poeta russo futurista Vladímir Maiakóvski (1893-1930) de que não há arte revolucionária sem forma revolucionária.
O movimento surge oficialmente no cenário artístico internacional em 1954, quando começam a funcionar regularmente os cursos da Escola Superior da Forma em Ulm, na Alemanha. Baseia-se na produção e na teoria de vários artistas ligados ao Abstracionismo geométrico, sobretudo do suíço Max Bill (1908-). Eles exigem racionalidade, desfazem a distinção entre figura e fundo e enfatizam a linguagem do design. Usam régua para conceber as pinturas. As esculturas têm formas geométricas.
Nos anos 60, o Concretismo e as tendências do Abstracionismo geométrico originam a op art (arte óptica), uma arte abstrata em que efeitos óticos confundem forma e fundo e distorcem a profundidade. Muitas obras são criadas em preto-e-branco. Várias dependem da luz ambiente e de movimento para produzir os efeitos pretendidos. O nome mais significativo é o do húngaro radicado na França, Victor Vasarely (1908-).
Erik Vilela
Nascida oficialmente no Brasil, com a obra dos poetas Augusto de Campos (1931-), Haroldo de Campos (1929-) e Décio Pignatari (1927-), a poesia concreta alcança expressão também em países europeus, no Japão e nos Estados Unidos (EUA). Caracteriza-se pelo abandono do verso, da importância do tema e da expressão de emoções íntimas. Explora o som e a disposição das letras no papel, em busca de efeito gráfico, eliminando a direção tradicional de leitura. Na composição do texto, podem ser usados vários tipos de letra. Eventualmente a impressão é feita em cores. Entre os precursores da poesia concreta estão os poetas franceses Guillaume Apollinaire (1880-1918), Stéphane Mallarmé (1842-1898), o norte-americano Ezra Pound (1885-1972), os futuristas e os dadaístas.
O Concretismo na música aparece em 1948, com Pierre Schaeffer, (1910-1995). As composições são criadas com base nas sucessivas montagens de fitas com sons do cotidiano, como vassouras em fricção no chão, água escorrendo da torneira, barulhos de rua. No início, o Concretismo na música tem caráter aleatório. Depois, adota os critérios rígidos que marcam o movimento nas artes plásticas e na poesia. O resultado é a música eletrônica desenvolvida na Alemanha.
O Concretismo nas artes plásticas ganha força após a exposição das obras de Max Bill, vencedor da 1ª Bienal de Artes de São Paulo, em 1951, e do lançamento do manifesto Ruptura no ano seguinte. O líder do movimento é Waldemar Cordeiro (1925-1973). Fazem parte do grupo inicial Geraldo de Barros (1923-1998) e Luís Sacilotto (1924), que também antecipam características da op art.
Na literatura, o primeiro número da revista Noigandres, em 1953, marca a união dos criadores da literatura concreta - Augusto de Campos, Haroldo de Campos e Décio Pignatari. Mas só na segunda edição, em 1955, é que se publica o primeiro poema integralmente concreto, Poetamenos, de Augusto de Campos, feito em 1953. Na década de 60, realizam-se experimentações formais com palavras ligadas a problemas sociais. Poetas concretos destacam escritores esquecidos, como é o caso de Sousândrade (1832-1902), e valorizam o trabalho de tradução como uma recriação poética. Exercem também influência sobre compositores ligados ao Tropicalismo. O Concretismo na música é bem recebido no país, mas na época não há estúdio que faça esse tipo de composição.
Na década de 60, poetas e músicos envolvem-se com temas sociais. De modo geral, é uma ligação pessoal, sem destaque na obra, a qual se preocupa mais com a inovação da linguagem. Muitos artistas, porém, defendem a afirmação do poeta russo futurista Vladímir Maiakóvski (1893-1930) de que não há arte revolucionária sem forma revolucionária.
O movimento surge oficialmente no cenário artístico internacional em 1954, quando começam a funcionar regularmente os cursos da Escola Superior da Forma em Ulm, na Alemanha. Baseia-se na produção e na teoria de vários artistas ligados ao Abstracionismo geométrico, sobretudo do suíço Max Bill (1908-). Eles exigem racionalidade, desfazem a distinção entre figura e fundo e enfatizam a linguagem do design. Usam régua para conceber as pinturas. As esculturas têm formas geométricas.
Nos anos 60, o Concretismo e as tendências do Abstracionismo geométrico originam a op art (arte óptica), uma arte abstrata em que efeitos óticos confundem forma e fundo e distorcem a profundidade. Muitas obras são criadas em preto-e-branco. Várias dependem da luz ambiente e de movimento para produzir os efeitos pretendidos. O nome mais significativo é o do húngaro radicado na França, Victor Vasarely (1908-).
Erik Vilela
O Concretismo na música aparece em 1948, com Pierre Schaeffer, (1910-1995). As composições são criadas com base nas sucessivas montagens de fitas com sons do cotidiano, como vassouras em fricção no chão, água escorrendo da torneira, barulhos de rua. No início, o Concretismo na música tem caráter aleatório. Depois, adota os critérios rígidos que marcam o movimento nas artes plásticas e na poesia. O resultado é a música eletrônica desenvolvida na Alemanha.
Victor Az
O Concretismo nas artes plásticas ganha força após a exposição das obras de Max Bill, vencedor da 1ª Bienal de Artes de São Paulo, em 1951, e do lançamento do manifesto Ruptura no ano seguinte. O líder do movimento é Waldemar Cordeiro (1925-1973). Fazem parte do grupo inicial Geraldo de Barros (1923-1998) e Luís Sacilotto (1924), que também antecipam características da op art.
Na literatura, o primeiro número da revista Noigandres, em 1953, marca a união dos criadores da literatura concreta - Augusto de Campos, Haroldo de Campos e Décio Pignatari. Mas só na segunda edição, em 1955, é que se publica o primeiro poema integralmente concreto, Poetamenos, de Augusto de Campos, feito em 1953. Na década de 60, realizam-se experimentações formais com palavras ligadas a problemas sociais. Poetas concretos destacam escritores esquecidos, como é o caso de Sousândrade (1832-1902), e valorizam o trabalho de tradução como uma recriação poética. Exercem também influência sobre compositores ligados ao Tropicalismo. O Concretismo na música é bem recebido no país, mas na época não há estúdio que faça esse tipo de composição.
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poesia concreta: um manifesto
- a poesia concreta começa por assumir uma responsabilidade total perante a linguagem: aceitando o pressuposto do idioma histórico como núcleo indispensável de comunicação, recusa-se a absorver as palavras com meros veículos indiferentes, sem vida sem personalidade sem história - túmulos-tabu com que a convenção insiste em sepultar a idéia.
- o poeta concreto não volta a face às palavras, não lhes lança olhares oblíquos: vai direto ao seu centro, para viver e vivificar a sua facticidade.
- o poeta concreto vê a palavra em si mesma - campo magnético de possibilidades - como um objeto dinâmico, uma célula viva, um organismo completo, com propriedades psicofisicoquímicas tacto antenas circulação coraação: viva.
- longe de procurar evadir-se da realidade ou iludí-la, pretende a poesia concreta, contra a introspecção autodebilitante e contra o realismo simplista e simplório, situar-se de frente para as coisas, aberta, em posição de realismo absoluto.
- o velho alicerce formal e silogístico-discursivo, fortemente abalado no começo do século, voltou a servir de escora às ruínas de uma poética comprometida, híbrido anacrônico de coração atômico e couraça medieval.
- contra a organização sintática perspectivista, onde as palavras vêm sentar-se como "cadáveres em banquete", a poesia concreta opõe um novo sentido de estrutura, capaz de, no momento histórico, captar, sem desgaste ou regressão, o cerne da experiência humana poetizável.
- mallarmé (un coup de dés-1897), joyce (finnegans wake), pound (cantos-ideograma), cummings e, num segundo plano, apollinaire (calligrammes) e as tentativas experimentais futuristasdadaistas estão na raíz do novo procedimento poético, que tende a imporse à organização convencional cuja unidade formal é o verso (livre inclusive).
- o poema concreto ou ideograma passa a ser um campo relacional de funções.
o núcleo poético é posto em evidencia não mais pelo encadeamento sucessivo e linear de versos, mas por um sistema de relações e equilíbrios entre quaisquer parses do poema.
- funções-relações gráfico-fonéticas ("fatores de proximidade e semelhança") e o uso substantivo do espaço como elemento de composição entretêm uma dialética simultânea de olho e fôlego, que, aliada à síntese ideogrâmica do significado, cria uma totalidade sensível "verbivocovisual", de modo a justapor palavras e experiência num estreito colamento fenomenológico, antes impossível.
- POESIA-CONCRETA: TENSÃO DE PALAVRAS-COISAS NO ESPAÇO-TEMPO.
(publicado originalmente na revista ad - arquitetura e decoração, são paulo, novembro/dezembro de 1956, n° 20)
Faltou dar os créditos aos autores das poesias que ilustram o belo texto, uma é do Erik Vilela e outra é minha.
ResponderExcluirOlá nobre Victor, perdão pela omissão. Esta corrigido.
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