sábado, 25 de agosto de 2018

Saudação às Árvores, poema de Henry Van Dyke



SAUDAÇÃO ÀS ÁRVORES

Henry Van Dyke
Tradução de Sammis Reachers

Muitas árvores são encontradas na floresta,
E toda árvore para seu uso é boa:
Algumas pela força da raiz retorcida,
Algumas pela doçura da flor ou da fruta;
Algumas para abrigar contra a tempestade,
E algumas para manter a pedra da lareira quente;
Algumas para o telhado, e algumas para o feixe,
E algumas para um barco para enfrentar o fluxo -
Na riqueza da madeira desde o início do mundo
As árvores ofereceram seus presentes ao homem.

Mas a glória das árvores é mais do que seus dons:
É uma bela maravilha da vida que se eleva,
De uma semente enrugada em um torrão de terra,
Uma coluna, um arco no templo de Deus,
Um pilar de poder, uma cúpula de prazer,
Um santuário de música e uma alegria de se ver!
Suas raízes são as enfermeiras dos rios em nascimento;
Suas folhas estão vivas com o sopro da terra;
Elas abrigam as moradas do homem; e elas se dobram
Sobre seu túmulo com o olhar de um amigo amoroso.

Eu acampei na floresta sussurrante de pinheiros,
Eu tenho dormido na sombra de oliveiras e videiras;
Nos joelhos de um carvalho, ao pé de uma palmeira
Encontrei um bom descanso e o bálsamo do sono.
E agora, quando a manhã doura os galhos
Do olmo na porta da minha casa,
Eu abro a janela e faço saudações:
“Deus abençoe os teus ramos e alimente a tua raiz!
Viveu antes, vive depois de mim,
Tu, árvore antiga, amigável e fiel.”


Do livro Árvore - Uma Antologia Poética (baixe gratuitamente AQUI).


quinta-feira, 23 de agosto de 2018

CARTA QUE UM JUDEU PODERIA TER ESCRITO EM BIRKENAU




Lembra-te de mim de vez em quando

Mesmo que seja só quando alguém

Perguntar por que desapareci no ar

diz-lhe simplesmente

Que não rejeitei meu nariz judeu, nem

Mesmo sem saber da minha tribo o nome

Rasguei no coração os livros de Moisés

Nem deixei de salmodiar às portas da morte

diz que o meu silêncio há-de ser

Uma torre que chegará ao céu

diz que estou órfão, um nome sem feições

Que um lento veneno

Entrou no sangue da nossa família

diz-lhe que com as minhas cinzas

Podem desenhar meu nome

Ainda que o rio Vístula as tenha

Levado de espuma em espuma.


25/11/2017
©  João Tomaz Parreira

sexta-feira, 17 de agosto de 2018

VAGÃO JOTA






“Só se fores no Vagão Jota…disse”.  –“Atão vamos nesse…”

“- Homem, isso é pràs bestas – e riu”

Virgílio Ferreira, “Vagão “J”



Parece um acordeão enorme a tocar nos carris

A toada da morte, nas linhas atarefadas da Europa

O Reich poupa os recursos das viagens

Com Vagões J escuros por fora e por dentro

Sem lâmpadas para nem os olhos tactearem

A dor de todos, nem o sol indirecto

Rompe com uma pequena poeira iluminada

Os Vagões Jota correm

Empilhados de mugidos de tristeza.




16/08/2018
© João Tomaz Parreira



domingo, 5 de agosto de 2018

ÁRVORE Uma Antologia Poética - Livro gratuito


        


        O termo grego ανθολογία (antologia), significa “coleção ou ramalhete de flores”. Daí o latim florilegium. O termo florilégio encaixa-se bem ao presente trabalho, onde procurou-se coligir poemas sobre a árvore, esse centro e pilar da hera.
        E foi sorvendo de outas antologias, e ainda de livros individuais, revistas e websites, que coligimos aqui este singelo ramalhete de poemas sobre a árvore. Adicionamos ao volume uma pequena seleção de frases sobre o tema, e, em arremate, publicamos o texto integral (vertida sua grafia ao português hodierno) do poema A Destruição das Florestas, do múltiplo Manuel de Araújo Porto-Alegre (1806 – 1879). O poema, que veio à luz em 1845, é um significativo e precoce exemplo de consciência ambiental em nossa literatura.
        Uma antologia temática é uma chance sempre de a poesia penetrar em espaços outros que não os estritamente circunscritos aos apreciadores de poesia. Como antologista, confesso que prefiro, por motivos óbvios, trabalhar com temas ainda não contemplados, os quais infelizmente são muitos em nossa língua. Já assim fizemos em trabalhos como Segunda Guerra Mundial – Uma Antologia Poética; Breve Antologia da Poesia Cristã Universal e Amor, Esperança e Fé – Uma Antologia de Citações, só para citar alguns trabalhos. Assim, qual a vantagem (ou vantagens) de debruçarmo-nos, agora, sobre uma outra antologia da árvore, já que nossa literatura possui obras neste viés? Acreditamos em algumas. A primeira, é de ordem da amplitude espaço-temporal: a coleta de um número significativo de textos, abarcando autores, se em sua maioria brasileiros ou lusos, também de outras literaturas do globo, e alguns deles de produção posterior às seletas precedentes; a segunda, por suprimento de lacuna, visto que os predecessores são livros esgotados já de há boas décadas; e, por fim, nossa motivação principal: a democratização do conhecimento proporcionada por um livro que já nasce eletrônico e gratuito, o que permite um acesso fácil, amplo e permanente ao seu conteúdo. Afinal, em tempos em que “Meio Ambiente” alcançou o status de tema transversal a perpassar o ensino de todas as disciplinas escolares, auxiliar educadores em seu esforço para incutir o reconhecimento e a valorização deste ser áulico e basilar da Natureza, a árvore, naqueles corações sob sua jurisdição, torna-se nosso objetivo mais urgente.
        Além do elogio da árvore, presta-se aqui uma homenagem a nossos poetas de agora e de ontem, e de certa forma um serviço à literatura lusófona, pois toda antologia literária é antes de tudo isso - um serviço prestado a uma literatura e ao universo de seus usuários.
        Este é um livro gratuito. Como amante das árvores e da literatura, como professor e como antologista, é um prazer ofertar este livro a todos, com votos de que ele possa ser compartilhado livremente, para que alcance os fins a que se propõe.
                               
Sammis Reachers

Para baixar o livro (224 págs., em formato PDF) pelo Google Drive, CLIQUE AQUI.


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