Exércitos Sanguinários
Carlos Beija-Flor
Ecoam pelos espaços
vozes aflitas
de aflitas crianças...
São gemidos...
É a morte ...
O céu toldou-se
com nuvens brancas,
com nuvens de almas.
Ecoam pelos espaços
vozes aflitas
de aflitas crianças...
— Herodes,
tu, que tudo podes,
por que foges?...
— Tenho as vestes
manchadas
com o sangue das crianças...
Mas... sou, acaso,
o único assassino
de inocentes? —
— Foge, Herodes,
as crianças vêm,
aquelas, de Belém! —
Ecoam pelos espaços
vozes aflitas
de aflitas crianças...
... ... ... ... ...
Eis, que um exército sanguinário
ao sanguinário Herodes se une:
São pais desalmados
e mães desnaturadas
de mãos inda sangrentas
pela morte dos filhos-não-natos...
E Herodes, com eles se
consola...
Ele, não é o pior.
Esses, os pais, mataram as
crianças
ainda em flor...
Não toleraram que
chegassem
a ver a luz do dia...
E Herodes, com eles se
consola.
Ecoam pelos espaços
vozes aflitas
de aflitas crianças...
São elas as almas
de crianças-não-natas
assassinadas pelo aborto,
sem que pudessem chegar ao
porto...
Mortas
sem que as portas
do batistério
se lhes abrissem!...
Eis que o exército
sanguinário
do sanguinário Herodes
avoluma,
são pais desalmados
e mães desnaturadas
procurando esconder
as sangrentas mãos.
O exército sanguinário
Avoluma... avoluma...
— agora, já são exércitos!
Os exércitos sanguinários
com Herodes, fogem, espavoridos
pela vasta Belém do mundo...
É que, pelos espaços
as vozes aflitas
das aflitas crianças...
os perseguem...
Ei-los, que aos atropelos
os exércitos sanguinários
se precipitam...
no abismo...
infernal...
No livro Natal - Antologia natalina em verso e prosa, de Mario Garde.
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