filho do mar
é o poema como Afrodite
tem as ondas por canção de embalar
filho do céu
é o poema como as nuvens
que são pequenos novelos de sonho
filho do pulmão
é o poema como a respiração
necessária para conter todo o vento
filho dos montes
é o poema como as linhas íngremes
que cada palavra sobe de costas voltadas a outra
filho dos rios
é o poema como a frescura
que risca os olhos ao desenharem as margens
filho das cidades
é o poema como as pessoas que se cruzam
estreitas na baixa e que buzinam e gritam em silêncio
filho de todos e de tudo
é o poema
excepto do poeta
a menos que seja como aquele pródigo
da parábola, que o deixou rico de letras
e a ele regressou pobre de espírito
21/03/12
inédito para o Dia Mundial da Poesia
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