“Vês estas
grandiosas construções? Não deve ser aqui deixada
Pedra sobre
pedra que não seja desmoronada”
Marcos, 1, 2
Quando fechares um dia as tuas portas
não será porque a noite
desceu o véu translúcido sobre as coisas
Ou porque te falte o amor
para acolher os
homens e mulheres perdidos
será porque a bagagem estava pronta e Ele veio.
Há sinais que o mundo ignora, o sangue
nas estrelas, a qualquer hora os mares
podem erguer-se do seu profundo leito
e os sismos
que abrem fendas nas nossas arquitraves
Quando fechares as tuas portas
será porque à hora mais inesperada
os relógios deixarão de ter valia
virá Aquele por
quem anseia a nossa alma
A qualquer hora da noite nos levantaremos
a qualquer hora do dia, subiremos de repente
pelo algodão das nuvens
e a casa de oração fechará as suas portas
E quem entrar, porque perdeu a noção da hora
encontrará cadeiras e talvez algumas mãos vazias
quando vier
Aquele que se espera
haverá um silêncio assombrado que passa
nos olhares dos homens
baterão com insistência à tua porta
Mas será o silêncio de Deus que encherá
para sempre os cantos mais recônditos
mesmo os mais iluminados desta casa.
16/6/2017
© João Tomaz Parreira
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