EXPEDICIONÁRIO
Eu
tenho de você, pracinha brasileiro,
Tamanho
orgulho que não cabe no meu peito,
Por
isto se extravasa nestes versos.
Preciso
confessar-lhe uma fraqueza.
Essa
fraqueza é minha imensa glória.
Eu
tive inveja de você!
Eu
que nunca invejei coisa alguma no mundo;
Que
desprezei a fama, a glória literária,
Que
nunca dei sequer a menor importância
Às
riquezas do mundo e às vaidades da vida,
Eu
tive inveja de você!
De
você que eu não sei como se chama!
Nem
me importa saber seu nome de família,
Se
eu leio com os olhos marejados
De
orgulho e de emoção em sua braçadeira
O
seu nome: - Brasil
Eu
quis partir como você partiu!
E
a mágoa de ficar, apenas foi curada
Pela
consciência do dever que estou cumprindo.
Eu,
também, legionário brasileiro,
No
sacerdócio santo a que entreguei a vida
Sou
soldado de um exército invencível!
Minha
existência a todo o instante é oferecida
Em
holocausto ao grande ideal. E eu sinto
A
glória de lutar, de viver, de morrer
Cada
dia em favor da grande causa.
Eu
também sou soldado brasileiro,
Como
você, expedicionário, vitorioso!
E
tenho me empenhado a fundo na batalha
Para
vencida a guerra alicerçar a paz.
Glória
a você, meu grande irmão! Meu bravo!
Meu
grande herói! Extraordinário herói!
Soldado
brasileiro!
SOLDADO CAMPINEIRO
Este poema,
homenagem do autor, então pastor em Campinas, ao expedicionário campineiro foi
lido pelos locutores de rádio várias vezes e muito declamado por jovens
campineiras nos salões em festa.
Quando
você partiu entre lágrimas quentes
De
saudade, de orgulho e de emoção,
Eu
bem sei que através da névoa de seus olhos
Brilhou,
encantadora, a esplêndida visão
Da
volta triunfal
À
cidade natal.
Você
partiu levando no seu peito
O
grande ideal do moço brasileiro.
E
sob o céu distante de outras terras
Mostrou
ao mundo inteiro
Que
o Brasil não é ninho de cobardes,
Mas
é pátria de heróis.
Que
toda a sua História
Bem
se pode narrar numa palavra apenas,
E
essa palavra é Glória!
Por
isso é que você regressou triunfante!
E
se custou chegar o dia da partida
Para
os campos da luta, onde, valente,
Você
deu tudo quanto tinha pela pátria,
E
para onde teve pressa de partir,
Com
que custo, depois do Dia da Vitória
Alvoreceu
o instante do regresso,
Da
volta triunfal
À
cidade natal!
Gigantescos
transportes sobre o oceano
Conduziram-no
à pátria vitoriosa,
À
pátria que você glorificou.
Rio
de Janeiro! Paulicéia engalanada
Multidões
em delírio ovacionando
O
filho herói que volta à grande pátria.
E
através de seus olhos marejados
Você
teve a visão esplendorosa
Da
cidade natal,
De
onde partiu soldado,
Para
voltar glorificado
Extraordinário
herói em volta triunfal.
Os
mesmos braços que o abraçaram na partida
Hão
de abraçá-lo ardentes na chegada.
Os
mesmos olhos que choraram de tristeza
Hão
de chorar agora de alegria.
E
o mesmo coração o coração de sempre,
O
coração que não cessou de amar
Continuará
pulsando venturoso.
E
há de estreitá-lo carinhosamente,
Soldado
campineiro,
Quando
você chegar
À
terra campineira,
Ao
seu querido lar.
O SOLDADO BRASILEIRO QUE
FICOU
(Para que a Pátria viva,
ele morreu)
Num
cemitério silencioso de Pistóia
Você
ficou sonhando eternamente
Seu
grande sonho de imortalidade.
É
cemitério de uma pátria irmã,
Por
isto, embora nossa dor seja tamanha,
Não
o deixamos numa terra estranha.
No
supremo esplendor de sua mocidade,
Quando
a Vida acenava as mais lindas promessas,
E
você era todo intensa vibração
De
espírito, de cérebro, de músculos,
Você
imolou-se em prol da Pátria grande e livre!
Por
isto mesmo a Pátria-mãe jamais o esquece!
Ajoelha-se
e soluça compungida,
-
Olhos em pranto, coração em prece, -
Porque
você não era apenas uma vida,
Mas
expressava na existência esplendorosa,
A
vida eterna de milhões de brasileiros!
O
cemitério silencioso de Pistóia
Em
cada sepultura encerra um monumento!
Cada
túmulo fala! E, à eloquência suprema
Os
próprios céus se curvam para ouvir
Da
grandeza, do ideal, do amor e da bravura,
Com
que você, soldado brasileiro
Mostrou
ao mundo inteiro
A
sua envergadura
E
o valor sem igual da terra onde nasceu!
Se
é certo que você não veio juntamente
Não
marchou lado a lado
Com
seus irmãos heróis, mas ficou sepultado
Sob
outros céus, sobre outras terras de além mar,
Seu
sepulcro sagrado é o maior desafio
Às
gargantas da morte e às potências do mal!
E
mais do que soldado hoje você é herói!
Mais
que herói, é imortal!
Do
livro Vida (São Paulo: Imprensa
Metodista, 1952).
Nenhum comentário:
Postar um comentário