Estou aqui e a cinza não morreu
é como o pó
que regressa às mãos divinas
Por que tive de ser um Judeu
dentro de um sobretudo preto e depois esquecer
os salmos, presos
pelo fio da fome ?
Vendi o meu violino numa rua no gueto
e ninguém pôde
prometer nada
ao outro, nem sequer Deus.
23-02-2014
© João Tomaz Parreira
Comovente e belo poema -, do começo ao fim -, que nos remete aos horrores de Treblinka, Auschiwitz, Belzec, Sobibór e outros campos de morte.
ResponderExcluirMais um olhar sobre o poema nos faz eleger versos de ternura intangíveis: "... a cinza não morreu / é como o pó que regressa às mãos divinas". E ainda mais belos (?): "Por que tive de ser um judeu... e depois esquecer os salmos, presos pelo fio da fome?" Fantásticos!
Um poema-salmo.