sábado, 17 de agosto de 2013

30 Máximas de La Rochefoucauld


1.  Nossas virtudes não são, o mais das vezes, que vícios disfarçados.

2.  Temos mais força que vontade, e é quase sempre para nos desculparmos a nós mesmos que imaginamos serem as coisas impossíveis.

3.  Se não tivéssemos defeitos, não teríamos tanto prazer em observá-los nos outros.

4.  O interesse fala qualquer espécie de linguagem e desempenha qualquer espécie de papel, mesmo o de desinteressado.

5.  Não existem acidentes, por mais felizes, dos quais os astutos não extraiam alguma vantagem, nem acidentes, por mais venturosos, que os imprudentes não consigam fazê-los voltar-se contra si mesmos.

6.  O verdadeiro amor é como a aparição dos fantasmas: todo o mundo os comenta, mas poucos os viram.

7.  O amor à justiça não passa, na maioria dos homens, do temor de sofrer injustiças.

8.  Falamos pouco quando a vaidade não nos faz falar.

9.  Assim como a característica dos grandes espíritos é fazer compreender muitas coisas em poucas palavras, o dom dos espíritos mesquinhos é falar muito e nada dizer.

10.                  Há censuras que nobilitam e elogios que desmerecem.

11.                  Deve-se sempre aferir a glória dos homens pelos meios de que se serviram para conquistá-la.

12.                  Há uma infinidade de comportamentos que parecem ridículos cujas razões ocultas são muito sábias e muito sólidas.

13.                  O mundo recompensa mais frequentemente as aparências do mérito do que o próprio mérito.

14.                  Enquanto a preguiça e a timidez nos retêm em nosso dever, nossa virtude, frequentemente, recebe as honras.

15.                  Esquecemos facilmente nossas faltas quando somos os únicos a conhecê-las.

16.                  Aquele que julga poder encontrar em si mesmo de que viver sem os outros, muito se engana; mas aquele que julga que ninguém pode passar sem ele, engana-se ainda mais.

17.                  A hipocrisia é uma homenagem que o vício rende à virtude.

18.                  As pessoas felizes jamais se corrigem; sempre julgam ter alguma razão quando a sorte ampara sua má conduta.

19.                  Nada é tão contagioso como o exemplo, e nunca fazemos grandes bens, nem grandes males, sem que eles gerem outros semelhantes. Imitamos as boas ações por emulação, e as más pela maldade de nossa natureza, que a vergonha mantinha presa mas que o exemplo põe em liberdade.

20.                  Não existe homem sagaz o bastante para conhecer todo o mal que pratica.

21.                  Por mais desconfiança que tenhamos da sinceridade dos que nos falam, sempre julgamos que a nós eles dizem mais verdade que a outros.

22.                  É mais fácil conhecer os homens do que o homem.

23.                  Não se deve julgar o mérito de um homem pelas suas qualidades, mas pelo uso que delas ele faz.

24.                  Muito falta para que a inocência encontre tanta proteção quanto o crime.

25.                  Uma prova convincente de que o homem não foi criado tal como é, está em que, mais ele se torna racional, mais sente, no íntimo, vergonha da extravagância, da baixeza e da corrupção de seus sentimentos e de suas inclinações.

26.                  O que produz tanta animosidade contra as máximas que põem à mostra o coração humano, é o receio que se tem de ser por elas descoberto.

27.                  O trabalho corporal liberta-nos dos sofrimentos espirituais e é isto que torna os pobres felizes.

28.                  A humildade é o altar sobre o qual Deus quer que lhe ofereçam sacrifícios.

29.                  Antes de desejar ardentemente uma coisa, é necessário examinar a felicidade de quem a possui.

30.                  Um verdadeiro amigo é o maior de todos os bens e o que menos pensamos em conquistar.


Selecionadas do livro Reflexões e Máximas Morais – Tradução de Alcântara Silveira. Rio de Janeiro: Ediouro, 2002

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