quarta-feira, 7 de março de 2012

Século VII a.C.: Um poema de Alceu


A Espada e o Poeta

Eu coroarei de mirto a minha espada, 
Como a de Harmódio honrada, 
E como a de Aristógiton, o forte, 
Quando ao sevo tirano deram morte, 
E Atenas libertada 
Foi à igualdade antiga restaurada.

Tu não morreste, Harmódio, oh não!tu gozas 
Nessas ilhas ditosas 
Serena vida cos heróis que aí moram, 
E onde, cremos, demoram 
Diomedes, o valente, 
E Aquiles, o veloz, eternamente.

De mirto a minha espada 
Trarei como Aristógiton c'roada, 
E como Harmódio, o forte, 
Que à vingança reserva, 
Quando, nos sacrifícios de Minerva, 
Ao tirano Hiparco deram morte.

Em prezada memória 
Viverá para sempre, eternamente, 
Harmódio, a tua glória, 
E a tua, Aristógiton valente, 
Que o tirano matastes 
E à liberta cidade 
O usurpado direito restaurastes 
Da primeira igualdade.

Alceu (poeta e político grego do séc. VII A.C.)
Tradução de Almeida Garret
in O Livro de Ouro da Poesia Universal - Org. Ary de Mesquita  (1988, Ediouro)

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