sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Nove Penas para Sylvia Plath - Mini-ebook de poemas de J.T.Parreira


Nesta pequena coleção de poemas, escritos esparsamente e aqui ora reunidos, J.T.Parreira, o nobre poeta de Aveiro, autor de Este Rosto do Exílio e Encomenda para Stravinsky (dentre outros), traz para o seio de seu verso toda a sua admiração e também espanto em face da poesia, da vida, e mesmo da morte icônica daquela que eu chamaria de a singularidade Sylvia.
      Sylvia Plath (1932 - 1963), poeta e escritora norte-americana, consorte do igualmente poeta e laureado Ted Hughes (Inglaterra 1930 – 1998), foi um dos baluartes da poesia ianque do século XX. Como um Áquiles interior e reverso, Sylvia era uma estranha campeã da Poesia, cuja Tróia estava sita dentro, nas recâmaras de sua alma atormentada. Bela e talentosa, frágil e pulsante, pensar Sylvia é inescapavelmente pensar a Dor; e mais, esta é uma daquelas poetas onde é impossível dissociar-se sua obra de sua biografia. Combateu como pode e versejou como muito poucos, a depressão que desde sempre a assolou, e terminou por levá-la ao suicídio - como um Áquiles exaurido & findo após pavimentar a conquista de sua Tróia, de sua plena expressão poietica.
      Mas Sylvia permanece viva na Literatura e reverberante na vida daqueles a quem impactou, como o leitor verá nesta singela coletânea. É a Poesia que retroalimenta-se para viver.

Sammis Reachers

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sábado, 17 de agosto de 2013

30 Máximas de La Rochefoucauld


1.  Nossas virtudes não são, o mais das vezes, que vícios disfarçados.

2.  Temos mais força que vontade, e é quase sempre para nos desculparmos a nós mesmos que imaginamos serem as coisas impossíveis.

3.  Se não tivéssemos defeitos, não teríamos tanto prazer em observá-los nos outros.

4.  O interesse fala qualquer espécie de linguagem e desempenha qualquer espécie de papel, mesmo o de desinteressado.

5.  Não existem acidentes, por mais felizes, dos quais os astutos não extraiam alguma vantagem, nem acidentes, por mais venturosos, que os imprudentes não consigam fazê-los voltar-se contra si mesmos.

6.  O verdadeiro amor é como a aparição dos fantasmas: todo o mundo os comenta, mas poucos os viram.

7.  O amor à justiça não passa, na maioria dos homens, do temor de sofrer injustiças.

8.  Falamos pouco quando a vaidade não nos faz falar.

9.  Assim como a característica dos grandes espíritos é fazer compreender muitas coisas em poucas palavras, o dom dos espíritos mesquinhos é falar muito e nada dizer.

10.                  Há censuras que nobilitam e elogios que desmerecem.

11.                  Deve-se sempre aferir a glória dos homens pelos meios de que se serviram para conquistá-la.

12.                  Há uma infinidade de comportamentos que parecem ridículos cujas razões ocultas são muito sábias e muito sólidas.

13.                  O mundo recompensa mais frequentemente as aparências do mérito do que o próprio mérito.

14.                  Enquanto a preguiça e a timidez nos retêm em nosso dever, nossa virtude, frequentemente, recebe as honras.

15.                  Esquecemos facilmente nossas faltas quando somos os únicos a conhecê-las.

16.                  Aquele que julga poder encontrar em si mesmo de que viver sem os outros, muito se engana; mas aquele que julga que ninguém pode passar sem ele, engana-se ainda mais.

17.                  A hipocrisia é uma homenagem que o vício rende à virtude.

18.                  As pessoas felizes jamais se corrigem; sempre julgam ter alguma razão quando a sorte ampara sua má conduta.

19.                  Nada é tão contagioso como o exemplo, e nunca fazemos grandes bens, nem grandes males, sem que eles gerem outros semelhantes. Imitamos as boas ações por emulação, e as más pela maldade de nossa natureza, que a vergonha mantinha presa mas que o exemplo põe em liberdade.

20.                  Não existe homem sagaz o bastante para conhecer todo o mal que pratica.

21.                  Por mais desconfiança que tenhamos da sinceridade dos que nos falam, sempre julgamos que a nós eles dizem mais verdade que a outros.

22.                  É mais fácil conhecer os homens do que o homem.

23.                  Não se deve julgar o mérito de um homem pelas suas qualidades, mas pelo uso que delas ele faz.

24.                  Muito falta para que a inocência encontre tanta proteção quanto o crime.

25.                  Uma prova convincente de que o homem não foi criado tal como é, está em que, mais ele se torna racional, mais sente, no íntimo, vergonha da extravagância, da baixeza e da corrupção de seus sentimentos e de suas inclinações.

26.                  O que produz tanta animosidade contra as máximas que põem à mostra o coração humano, é o receio que se tem de ser por elas descoberto.

27.                  O trabalho corporal liberta-nos dos sofrimentos espirituais e é isto que torna os pobres felizes.

28.                  A humildade é o altar sobre o qual Deus quer que lhe ofereçam sacrifícios.

29.                  Antes de desejar ardentemente uma coisa, é necessário examinar a felicidade de quem a possui.

30.                  Um verdadeiro amigo é o maior de todos os bens e o que menos pensamos em conquistar.


Selecionadas do livro Reflexões e Máximas Morais – Tradução de Alcântara Silveira. Rio de Janeiro: Ediouro, 2002

quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Os comboios para Auschwitz





Extensos comboios lentos, caldeiras
com a lenha para a cinza das estrelas,
correm ao longo do cais, ruídos
de apitos vigilantes, pancadas nos vagões...

mais do que os poros da madeira
são milhares amontoados, ninguém
desespera da partida, nem do destino
talvez
o sonho de campos de lírios
ou de tulipas onde nascem as manhãs
como arco-íris, quase nada
faz prever por que se movem
os comboios
com tamanha lentidão.

13/8/2013


© J.T.Parreira
 

sexta-feira, 9 de agosto de 2013

A TRANSFIGURAÇÃO






Mas ninguém se atrevia a olhá-lo na cara, porque era semelhante à dos anjos”
Oscar Wilde


Subiu ao monte
com um rosto no qual depois o sol nasceu,

a luz velando o rosto e sobre a luz
e o branco dos vestidos
os discípulos se alegraram,

o vento cantava no cume da montanha,

desceu a glória de uma nuvem
e as vozes, que traziam a certeza
da morte redentora, falou-se de cicatrizes
e ouviu-se a voz de Deus, que talvez trouxesse
a neve dos cabelos envolvida em lume.

9/8/2013
 
© João Tomaz Parreira

quarta-feira, 7 de agosto de 2013

À TARDE


“La pena de la tarde estremece a mi pena”
Federico García Lorca, “Meditaciones bajo la lluvia”

à tarde mesmo ao fim
a voz procurava o alívio
da pena sobre o tremor da pena

as árvores em que a sombra nasce,
a voz, mesmo
no fim do jardim
da tarde que estremece
no gume, há a pena
à qual tudo foi destinado
estremecem os olhos os ouvidos
a pele da testa lavrada do peso do sangue
que levanta pérolas no cálice,
o cálice bebido na oração redita

nessa angústia
da impossibilidade do salmo
que afague como pena
a dor da angústia do mundo todo

no jardim do Getsémani
o Filho do Homem
é uma ave de penas soltas


Rui Miguel Duarte
08/08/13


domingo, 4 de agosto de 2013

Depois do Dilúvio




Voltaram para casa
Noé e os filhos, para o princípio do solo,
o primeiro dia da terra com a luz
a secar as águas.
Começou Noé a plantar uma vinha
para colorir o silêncio das colinas,
e os seus pés
moveram-se no ar e riu e cambaleou
dentro de si, na alegre nudez
do seu regresso.

4/8/2013

© João Tomaz Parreira

A poesia de Patrícia Costa


Recolhimento

Escolho me calar
e a única palavra que deixo anunciada
é a da lágrima que escorre
externando o meu íntimo.

Frase que não alardeia
coisa parecida com nada,
tudo já está dito
aguardando a sensibilidade do ouvido atento.

Descrente, rasgo o mistério
dos sonhos todos, que na ponta do lápis
 delineava o voo liberto
 no céu do teu leito.

Então retorno à desventura
do reverso caminho
com a palavra salina
molhando minha boca.



Ardor

Estou e sou
dentro dessa lonjura
reverberando tua presença
na inquietude do ter

Mar que tumultua
e espumeja
quando tua ausência
incita o infindo das horas

Fixo o pensamento
até a exaustão
das memórias todas
em ti

Então ardo
e  nasço
num parto
de saudade.      



Juntos

Teu beijo traduziu todas as minhas palavras. Alumiou os meus desejos. Fez acelerar o coração; abro a porta para tudo que chegou através de você.
Abraço-te com essa vastidão e encosto a minha esperança na tua deixando a nossa leveza eternizar a paz. A poesia todas as manhãs me sorri agradecendo – disse que o teu amor trouxe novos verbos para mais perto. Tudo verseja melhor. Afável é esse sentimento das tuas declarações. Guardo todas no solo sagrado da minha memória e te materializo recitando cada uma delas ao pé do meu ouvido.

Desaprendo de mim. Descalço certezas. Reinvento-me. Já não espero com tamanha urgência que cada letra descubra o seu lugar. O tempo tem sido bastante generoso fazendo de cada encontro essa novidade de vida. 

Os detalhes te abriram portas nos caminhos de dentro; meu sentimento te recebeu. Bom é acordar com você amanhecendo. Melhor ainda é te sentir morar. Estou para tudo o que nos devolve. Estou pra você, que dia após dia me encanta e me faz vivenciar o mais bonito sonho.


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