domingo, 30 de setembro de 2018

A CONVERSÃO A CAMINHO DE DAMASCO, DE CARAVAGGIO (1600)







Com os braços procurando suster

O peso do céu, Saulo sente a humilhação

Como Estevão um dia sob as pedras

Todo o silêncio se estendeu e a voz

Vem do firmamento que se abre de repente

Saulo, Saulo, por que me persegues, e um jorro

De luz como um vento a abrir uma janela

Não era uma voz de seda, nem colérica

Como as vozes que emergem dos homens

Era a pergunta

De quem ainda tinha feridas de ferro nas mãos

E sinais de uma coroa ardente de espinhos.



29/09/2018
© João Tomaz Parreira


terça-feira, 18 de setembro de 2018

A VALSA, DE CAMILLE CLAUDEL (1892)





O homem e a mulher estão os dois
Numa só carne, fechados num só amor
Aqui é o silêncio que transcende
O movimento, pisam ou flutuam na água
Da música derramada pelo chão
Um só vento rodopia nos dois corpos
Tudo à volta
Até as coisas móveis se detêm
A eternidade perdura nos poucos minutos da canção.


17/09/2018
© João Tomaz Parreira

terça-feira, 11 de setembro de 2018

Carta à Árvore



CARTA À ÁRVORE

Sammis Reachers

Torre transterna,
                          Transuterina
Verde malha de açambarcar
Estaca que a vida finca
Patamarizado playground,
                                        Estação clorofila
Biopilar da paz

Terramáter véu
Usina alquímica
A nutrir o sistema-Terra

Obrigado eternamente obrigado
Por alimentar-nos
De proteção e pão
Por verdecer para que não
                                          Ressecássemos
Nós seus vorazes algozes agradecemos
Por nos servir
De berço,
                 Púlpito
       E esquife
Perdoa-nos a nós os desgalhados entes
Nós a raça kamikaze de sem plumas
E sem clorofila



Do livro Árvore - Uma Antologia Poética (baixe gratuitamente AQUI).

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