Passei pelo tamis todas as minhas dores
Estou purificada. E clamo: vida nova!
Que esta vida seja como um ritmo de seda!
Doçura e mais doçura! A placidez da tarde
Prazerosa e de sol, a casinha com heras
E um pedaço de céu que na alma se envolva.
Nenhum anseio mais do que anseio infantil,
Ter as andorinhas de uma quietude eterna
E sentir-me bem... tão intensamente bem!...
Não ler nada, nada, mais que no livro pródigo
O infinito e precioso livro da natureza
E com o peito aberto a sorver suas verdades!...
Com essa vida nova. Realizar o milagre
De cobrir com jasmins a ferida das veias
Fazendo uma canção com restos do infortúnio.
Ter o coração feito um lampejo de luz,
Ter o coração feito um punhado de gemas
Para que se abram sempre frescos e novos brotos.
Ir entrando na vida com asas presas n’alma,
Com asas corporais, com asas nas idéias
E um ligeiro carinho para a morte que avança.
Perdoar, perdoar, não ter nenhum rancor;
Dá-lo todo ao olvido, chorando na plácida
Solidão da noite com um pranto de pérolas.
Pérolas de prenúncio, de olvido, alegria,
De doçura, de gozo em sentir-me serena
E de entender a vida como um ritmo de seda.
Hoje tenho n’alma a alma do Natal.
Hoje o quero assim... Hoje é dia de festa!
Tradução de Cristiane Carvalho e Manolo Graña
via http://www.avozdapoesia.com.br
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