Morrer - isso não se faz a um gato.
num apartamento vazio.
Escalar paredes.
Afagar-se contra os móveis.
Parece que aqui nada mudou
contudo, as coisas estão diferentes
Que nada se moveu,
mas está tudo misturado.
E aquela lâmpada durante a noite já não arde.
Ouvem-se passos na escada,
todavia não são esses.A mão que coloca o peixe no prato
não é já a mesma mão.
Há aqui alguma coisa que não começa
à hora do costume.Há algo que não acontece
como deveria.
Alguém esteve aqui e esteve
e de repente desapareceu
e agora é um ausente obstinado.
Foram revistos todos os armários
e todas as prateleiras percorridas.Não resultou deslizar sob o tapete.
Mesmo a regra de não espalhar papéis foi violada.
Que mais se pode fazer?
Dormir e esperar.Deixá-lo regressar,
ou pelo menos que se mostre.Vai aprender
que não se pode tratar assim um gato.Irá em direcção a ele fingindo relutância,
devagar,
sobre as patas ofendidas.
Sem saltar nem ronronar à primeira.
Tradução do inglês por J.T.Parreira
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