Odisseu
Tem misericórdia de minha
incredulidade, Jove
quando mina minha nau o
caos da vaga
e murmuro contra os mundos
Obrigado pelas noites, quando
deito-me em minha posição fetal
e estou novamente no
ventre de minha mãe,
no ventre de Tuas mãos
e há paz
Mas de dia
ao contemplar a
multiplicidade dos braços
de Poseidon e de Hades
golpeando o mundo e
buscando abraçar-me
visto-me de escândalo
- como deuses derrotados
podem gritar tão alto?
Eles não tentam atingir-me
com espadas
mas têm palavras doces em
meus ouvidos
e as recitam suaves
e a cada dia e a cada vez
mais
tenho que ser amarrado ao
mastro
suportando a morte que vem
na sereia
pois eles não tentam me
atingir com espadas!, cães!,
como eu gostaria
mas com música suave e
tépida
eles vêm pela surdina do
dia, dos olhares
combatem como fêmea e como
serpente
e cansei-me até a morte de
todas as guerras
preciso retornar à Ítaca,
Senhor
não tenho medos mas tenho
um medo
de ser um repetidor do
primeiro homem,
o de nome apagado, a
caixa-de-caos matricial,
bastardo pai ou aborto de
Pandora
depois da estranha vitória
em Tróia
navego dez anos
pelo mar oceano
sou como um andarilho
despedindo-me de tudo
vendendo meu adeus para as
pedras e torres
combatendo o espanto das
ilhas, servindo armas
em meu ofício de armeiro
para todos gregos que me
deste encontrar
mas preciso chegar em
casa, Pai
em Ítaca e olhar com meus
olhos cansados nos olhos cansados de meu amigo Argos,
cão que roubei de Menelau
em Esparta
meu cão, o único soldado a
ainda oferecer combate
às hienas dos meus
inimigos nas ruínas de meu palácio destruído
Preciso postar uma rosa
ilírica no túmulo de Penélope,
no túmulo de Telêmaco
e render meu(s)
espírito(s)
em solo seco e Teu.
Conheci 34 invernos, a
adaga e o mel.
E a mim me basta.
Sammis Reachers
Nenhum comentário:
Postar um comentário