Dia
de eleição é dia de catarse. De expor amigamentos e odianças por esses que o
jogo político arregimenta, esses que, por pudor nos negamos a dizer, mas no
fundo – sejamos nós letrados ou humildeletras, enricados e pés-de-pano –
sabemos que são os piores de nós...
Dia
de eleição é dia de desnudamentos, de sangria dos ânimos, de expor os radicais
e seus monóculos, sua tobas de ver o mundo por um só viés. Esses de direita e
esquerda, em seus extremos tão perigosos – mas não haveria jogo sem eles,
afinal, os fominhas da bola.
Dia
de eleição é dia de melancolia, e isso nenhum poeta, dos seis mil que conheço
ou ao menos tolero, já aventou: Dia máximo de melancolia, ao revisitar velhos
caminhos e seções, ao rever rostos de anos, infância até, estudos juntos, trampos,
sopapos e beijos trocados.
Dia
de eleição é dia de cidadania, essa obviedade central & inescapável,
frenética em seus entra-e-sais quase copulosos, pois desse seu coito na urna,
hoje botãonizada, nasce o rebento que nos resguarda, a democracia – mais que
este ou aqueloutro ator canastrão que ocupar o cargo que lhe confiarmos.
Dia
de eleição é dia de suspense, riso e lágrima, apuração de samba e final de
copa, suspiros ou expiros de sonhos, projetos, construtos de luz ou
maquiavélicas maquinações. E acerto de conta$, que o correligionário também
come, afinal.
Dia
de eleição é dia de socializar – e orar, debater, biritar, conforme a cultura
da aldeia: Preocupações ou despreocupações se carnavalizam, entrechocam e
abraçam – o outro feito nós na sujeição ao sistema que nos comporta, renovação
de ciclo, refundação tumultuosa de nosso pequeno grande mundo citadino.
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