quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

A ORELHA DE VAN GOGH






"yo quiero
 celebrar una oreja"

Pablo Neruda



Passou a ouvir coisas por sua própria conta, 
A orelha cortada de Van Gogh, corvos
A crocitar, um silvo de facas no ar,
Raquel chorando os filhos que não teve,
As raízes do trigo em luta contra a morte
Sob a terra,
Onde é noite a luz e fria, ouvia as sombras
A deslizarem lentamente
E como uma concha arrancada ao mar
Escutava o nevoeiro e as ondas esquecidas.

25-02-2015
©  João Tomaz Parreira


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