Espetacular
Quereria eu uma forte partida
sem o novo
esse adeus
quereria eu um beijo socorrido
por uma moça sozinha
que não me prendesse
com falsos poemas
que nos consertos de megafones
clássicos de um neotabu
enquanto espero
não me ser ruptura
as entrelinhas da moça
crianças falam
em língua estrangeira
e meus torpedos
preguiçam as boas novas
dos bestiários
minha rapsódia
no meu vadio crivo
goza de gírias em pó
ante os filmes de gângsteres
discursos transbordam aquários
escorrem pelas obras-primas do tráfego
evaporam no calor do asfalto
esse congado regado à cajuína
nas palavras publicado
degraus sacodem seus destroços
de cimento levado pelo vento
ateliê de flores baldias
cheiro de ruínas em cartões-postais
que eu me alcance
no silêncio das bibliotecas
O encontro
aguardo informações
sobre o que cometi
entre alheias suposições
espalho eventos dos vazios
latências arejadas por suor
beijos de novela
em ausências superestimadas
plasmam meus blecautes
ganhei o que não quis?
qual a geografia dos erros?
esgotei o que há?
ao pé do infinito
nada atingir
senão realizar?
errei o alvo das saudades
por onde pessoas se cruzam
para haver caminhos
e os corpos se enlaçam
esgotando as palavras
das palavras
Meus amadores
Gostava de diversão na rua
mas não era capaz dos saltimbancos
sem gozar do domínio
de minha descrença
nasce um lugar
preenchido pelo vazio
onde me espreguiço
e me tomam pelo braço
feito os malabaristas
G. Monteiro é poeta,
contista, ensaísta e um dos editores do site Amaité Poesia & Cia. Editou,
junto com o escritor João Pinto, o espaço virtual Contos entre Paisagens, de
2019 a 2022. Seus textos integram várias coletâneas e antologias através de concurso
literário. Escreveu o livro de contos Paradeiro (2016), o de poesias Depois das
horas (2021) e O exercício do nada (no prelo).
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