domingo, 20 de abril de 2025

Da borda, um poema de Sammis Reachers

 


Da borda

 

O sol nasce e seus corcéis.

 

Os dias explodem, fragatas sem pavio

sou sucessivamente sammis, ossos de crochê

muralhas sem borda,

quilha que desnorteia

a nau dum norte súbito

 

um capotado um flaneur um aluado falso autista

recarregando as energias negativas

para um meltdown

contra toda a positividade tóxica

ou um shutdown que gere

ao menos um bom poema

 

O que me esgota não tem nome

mas é o que nega flores à primavera

 

Comi um livro novo, indigeri seus albores

de açúcares engenhados

evadi-me inescapável por intra Mongólias

equatotiais, Aconcáguas de chão

fustiguei a chibata dos séculos, e a espada

amendoou-se até granada:

não poderia meu estupor (leitwort, leitmotiv) malhar-se até canção?

 

Olho nos olhos ruivos, rolhos uivos, uilhos lhovos

olhos ruivos crucificados no intróito,

na soleira da causa

 

Meu coração interdiz a meu cérebro:

acalma, mulato

e agradeça a Deus a luz não ser pedras,

chocando-se contra tudo.

 

 Sammis Reachers


quinta-feira, 10 de abril de 2025

14 citações de Soren Kierkegaard sobre o AMOR

 


1.               No seu nível mais profundo, o amor é uma expressão da vontade de viver.

 

2.               Amar as pessoas é a única coisa pela qual vale a pena viver.

 

3.               Aquilo que o homem natural chama amor é, do ponto de vista cristão, amor próprio.

 

4.               Quando no coração vive a inveja, o olhar tem então poder para extrair o impuro até do que é puro; mas quando no coração vive o amor, o olhar tem então poder para amar o bem no que é impuro; mas este olhar não olha para o impuro, antes para o puro que ele ama e faz crescer por via de o amar. Sim, há um poder neste mundo que na sua língua traduz o bem para o mal, mas há um poder vindo de cima que traduz o mal para o bem — é o amor que esconde uma multidão de pecados.

 

5.               "Tu deves amar". Só quando amar é um dever, só então o amor está eternamente assegurado contra qualquer mudança; eternamente libertado em bem-aventurada independência; protegido eterna e felizmente contra o desespero.

 

6.               A mais medíocre de todas as defesas contra a hipocrisia é a sagacidade, ela quase não protege, antes constitui uma perigosa proximidade; a melhor de todas as defesas contra a hipocrisia é o amor, sim, este, além de ser uma defesa, é um abismo escancarado, desde toda eternidade ele nada tem a ver com a hipocrisia. Aí temos mais um fruto pelo qual se reconhece o amor: ele preserva o amoroso de cair nas ciladas do hipócrita.

 

7.               [Porém,] a Deus tu deves amar em obediência incondicional, mesmo que aquilo que Ele exige de ti possa parecer ser para ti algo danoso, sim, danoso até para a Sua própria causa; pois a sabedoria divina não tem relação de comparação com a tua, e a providência divina não tem obrigação de prestar contas à tua inteligência; tu só tens que obedecer, amando.

 

8.               Enganar-se a si mesmo quanto ao amor, é o mais horrível, é uma perda eterna, para a qual não há reparação nem no tempo nem na eternidade. Pois nos outros casos, por mais diversos que sejam, em que se fala do ser enganado no amor, o enganado se relaciona mesmo assim com o amor, e o engano consiste apenas em que o amor não estava onde se acreditava estar; aquele, porém, que se engana a si mesmo excluiu-se a si mesmo e excluiu-se do amor. Também se fala de alguém ser enganado pela vida ou na vida; mas para aquele que numa autoilusão enganou a si mesmo quanto à vida, a perda é irreparável. Mesmo aquele que ao longo de toda sua vida foi enganado pela vida, pode receber da eternidade uma copiosa reparação; mas o que se enganou a si mesmo impediu a si mesmo de conquistar o eterno. Aquele que, exatamente por seu amor, tornou-se uma vítima do engano humano, oh, o que é mesmo que terá perdido, quando se mostrar na eternidade que o amor permanece, depois que cessou o engano! Aquele, porém, que engenhosamente enganou a si mesmo, caminhando sagazmente para a armadilha da sagacidade, ai, mesmo que durante toda a sua vida se considerasse feliz em sua ilusão, o que não terá ele perdido, quando na eternidade se mostrar que ele se enganou a si mesmo! Pois na temporalidade talvez um homem consiga prescindir do amor, talvez tenha êxito em evadir-se ao longo do tempo sem descobrir o autoengano, talvez tenha sucesso no mais terrível – numa ilusão, orgulhoso de permanecer nela; mas na eternidade ele não pode prescindir do amor, e não pode deixar de descobrir que pôs tudo a perder.

 

9.               Pois o que vincula o temporal e a eternidade, o que é, senão o amor, que justamente por isso existe antes de tudo, e permanece depois que tudo acabou. Mas justamente porque o amor é assim o vínculo da eternidade, e justamente porque a temporalidade e a eternidade são de natureza diferente, justamente por isso o amor pode parecer um fardo para a sagacidade terrena da temporalidade, e por isso na temporalidade pode parecer ao homem sensual um imenso alívio lançar para longe de si este vínculo da eternidade.

 

10.          Cada árvore se conhece pelo seu fruto, e assim também o amor pelo seu próprio fruto, e o amor do qual fala o Cristianismo, por seu fruto próprio: pois que ele tem em si a verdade da eternidade! Todo outro amor, quer ele, falando humanamente, perca logo suas pétalas e se transforme, quer ele se conserve amorosamente nas estações da temporalidade: não deixa de ser efêmero, apenas floresce. É isso justamente o frágil e o melancólico nele, quer floresça por uma hora, quer por setenta anos; mas o amor cristão é eterno. Por isso a ninguém ocorreria dizer do amor cristão que ele floresce; a nenhum poeta, caso ele se compreenda, ocorreria cantar este amor. Pois o que o poeta deve cantar tem de possuir a melancolia que é o enigma da sua própria vida: deve florescer, ai, e deve perecer. Mas o amor cristão permanece, e justamente por isso ele é; porque o que perece floresce, e o que floresce perece, mas aquilo que é não pode ser cantado, deve ser crido e ser vivido.

 

11.          De onde vem o amor, onde está sua origem e sua fonte, onde é o lugar que constitui seu paradeiro, do qual ele provém? Sim, este lugar é oculto ou está no oculto. Há um lugar assim no mais Íntimo do homem, deste lugar procede a vida do amor, pois "do coração procede a vida" (Provérbios 4.23). Mas não consegues ver este lugar; por mais que tu penetres, a origem se esquiva na distância e no ocultamento; mesmo quando tiveres penetrado no mais profundo, a origem parece estar sempre um pouco mais profunda, assim como a origem da fonte, que justamente quando estás mais próximo se afasta ao máximo. Deste lugar procede o amor, por múltiplos caminhos; mas por nenhum desses caminhos podes penetrar na sua gênese oculta. Como Deus mora numa luz da qual emana cada raio que ilumina o mundo, enquanto porém ninguém pode penetrar por esses caminhos para ver a Deus, pois os caminhos da luz se transformam em escuridão quando a gente se volta contra a luz; assim também mora o amor no ocultamento, ou mora ocultamente no mais íntimo. Tal como o manancial da fonte atrai pela persuasão de seu murmúrio cantarolante, sim, quase pede ao homem que vá por este caminho e não pretenda indiscretamente remontar para encontrar a sua origem e revelar o seu mistério; tal como os raios do sol convidam o homem a contemplar, com seu auxílio, a magnificência do mundo, mas advertindo castigam o temerário com a cegueira quando este se volta indiscretamente e atrevido para descobrir a origem da luz; tal como a fé, acenando, se oferece ao homem como companheira de viagem no caminho da vida, mas petrifica o atrevido que se volta para compreender abusadamente; assim também é o desejo e o pedido do amor que a sua origem escondida e a sua vida oculta no mais íntimo permaneçam um segredo, que ninguém curiosa e abusadamente queira invadir importunando para ver o que afinal não pode ver, mas que com sua indiscrição bem pode pôr a perder da alegria e da bênção. É sempre o sofrimento mais doloroso quando o médico é obrigado a cortar e a avançar até as partes mais nobres e mais ocultas do corpo humano; assim também é o sofrimento mais doloroso e também o mais prejudicial quando alguém em vez de se alegrar com o amor em suas manifestações quer alegrar-se em esquadrinhar o amor, quer dizer, perturbá-lo.

 

12.          Lá onde o puramente humano quer precipitar-se para a frente, o mandamento [tu deves amar] retém; lá onde o puramente humano quer perder a coragem, o mandamento reforça; lá onde o puramente humano quer declarar-se cansado e experiente, o mandamento inflama e dá sabedoria. O mandamento consome e incendeia o que há de malsão em teu amor, mas graças ao mandamento tu deves, por tua vez, inflamar aquele que, humanamente falando, quer ceder. Lá onde achas que podes facilmente te orientar sozinho, toma o mandamento para te orientar; lá onde desesperadamente queres te orientar, deves tomar o mandamento para te orientar; mas lá onde não sabes te orientar, o mandamento deve então orientar-te de modo que tudo acabe ficando bem.

 

13.          Pois é o amor cristão que descobre e sabe que o próximo existe e – o que dá no mesmo – que cada um é o próximo. Se amar não fosse um dever, também não haveria o conceito do próximo; mas só se extirpa o egoístico da predileção e só se preserva a igualdade do eterno quando se ama o próximo.

 

14.          O amor natural é definido pelo objeto, a amizade é definida pelo objeto, só o amor ao próximo é definido pelo amor.


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