sexta-feira, 27 de dezembro de 2024

Edição de dezembro da Revista Bulunga - e sorteio de livros

 


A nova edição da revista Bulunga já está no ar, divertida, provocante, atiçada contra o marasmo e a maresia. Eu compareço com três contos. Confira ainda resenha de meu romance A Ordem Luterana da Cruz Combatente, e um sorteio de um exemplar deste e também de meu último livro, Fabulário Índigo. Inscreva-se e concorra!




segunda-feira, 23 de dezembro de 2024

O NATAL DE CRISTO, poema de Almeida Garrett

 


O NATAL DE CRISTO

 

Verbe incréé, source féconde

De justice et de liberté!

Parole qui guéris le monde.

Rayon vivant de vérité!

De Lamartine, Harm.

 

I

O César disse do alto do seu trono:

“Pereça a liberdade!

Quero contar es homens que há na Terra.

Que é minha a humanidade:”

E, cabeça a cabeça, como reses,

As gentes são contadas.

Procônsules e reis fazem resenha

Das escravas manadas.

Para mandar a seu senhor de todos

Que, um pé na Águia romana.

Com o outro oprime o mundo,

A isto chegara a vil progênie humana.


II

E era noite em Belém, cidade ilustre

Da vencida Judeia.

Que a domada cabeça já não cinge

Com a palma idumeia:

Dois aflitos o pobres peregrines

Cansados vêm chegando

Aos tristes muros, a cumprir do César

O imperioso bando...

Tarde chegaram já não há poisadas.

Que importa que eles venham

Da estirpe de Jessé, e o sangue régio

Em suas veias tenham?

Na geral servidão só uma avulta

Distinção – a riqueza;

Na corrupção geral só uma avilta

Degradação – pobreza.

Os filhos de David foram coitar-se

No presepe entre o gado,

E dos animais brutos receberam

Amparo e gasalhado.

 

III

E ali nasceu Jesus... ali a eterna,

Imensa Majestade

Apareceu no mundo, – ali começa

A nova liberdade.

Cantam-na os anjos que no Céu pregoam

Glória a Deus nas alturas,

E paz na Terra aos homens! –

Paz e glória, Promessas tão seguras

Do Céu à Terra nesta noite santa,

O que é feito de vós?

Jesus, filho de Deus, que ali vieste

Humanar-Te por nós,

Tu que mandaste os coros dos Teus anjos

Aos humildes pastores

Que dormiam na serra – ao pobre, ao poio,

Primeiro que aos senhores.

Que aos sábios e que aos reis, Te revelaste –

Oh! que é delas, Senhor,

Que é das Tuas promessas? Resgatados,

Divino Salvador.

Do antigo cativeiro não seriam

Os homens que fizeste

Livres co sopro Teu, quando os criaste,

Livres, quando nasceste.

Livres pelo Evangelho de verdade

Que em Tua Lei lhes deste.

Livres enfim, pelo Teu sangue puro

Que por eles verteste

Do alto da Cruz, no Gólgota de infâmia

Em que por nós morreste?


IV

Vê, ó filho de Deus! quase passados

Dois milênios já são

Que, esta noite, em Belém principiava

Tua longa paixão;

E o édito do César inda impera

No mundo avassalado.

Os Césares, seu trono – e quantos tronos!

Têm caído prostrados...

Embalde! – as leis iníquas, que destroem

A santa liberdade

Que nesta pia noite anunciaste

A opressa humanidade,

Essas estão em pé. Será que o pacto,

Será que o testamento

Celebrado na Cruz Tu quebrarias.

Senhor, no etéreo assento?...


V

Não, meu Deus, não: eterna é a Palavra,

Eterno é o Verbo Teu

Que, antes do ser dos séculos, nos deste,

Que o mundo recebeu

Nesta noite solene e sacrossanta.

Nós, nós é que o quebramos.

Nós, sim, o novo pacto e juramento

Sacrílegos violamos;

Esaús de Evangelho, nós vendemos,

Com torpe necedade,

Por apetites sórdidos, a herança

Da glória e liberdade,

Por isso os reis da Terra inda nos contam

Escravos, às manadas;

Por isso, em vão, do jugo sacudimos

As cervizes chagadas.

Porque não temos fé, não temos crença,

E a Cruz abandonamos.

Donde somente está, só vem, só fulge

A luz que procuramos.

E os vãos sabedores, esses magos

Que a vaidade cegou.

Não olham para o céu, não vêem a estrela

Que hoje era Belém raiou.


184....


Do livro Flores Sem Fruto (org. de Iba Mendes).


sábado, 14 de dezembro de 2024

O poeta, esse “figura” da linguagem - Um poema para aprender figuras de linguagem

 



Poeta já nasce metáfora: nem é homem, é bruma

Detesta comparação: sua carne é tal como purpurina

Casa antíteses, juiz de paz de terra e céu

Dispara metonímias lendo Drummond e Gullar

Mata catacreses ao dar nome ao que não o tem:

Braço de sofá vira espuvelo, assim, na caraça

Celebra paradoxos, esses desconstrutores criativos:

Como encher de vazio um balão vazio?

Faz tudo dialogar em prosopopeias, a caneta chora, o chapéu gargalha

É bicho todo trabalhado na sinestesia: degusta a paisagem, ouve seus aromas

Radical, rima o rumo dos versos em aliteração

É um babaquara da assonância, um papa-vatapá

Desafios opera o poeta em hipérbatos

Faz rir nas onomatopeias, feito garnizé cocoricó

Desce pra baixo do mar molhado em seu submarino, o pleonasmo

É polissíndeto: É alegre e loquaz e terno e carmim

Mas tem lá seus momentos assíndetos: solitário, introvertido, fujão

Viaja em anáforas: se eu voasse, se eu pudesse, se eu sonhasse, se...

“Quero morrer de tanto versejar”, vocifera, hiperbólico

“Ou bater as botas de mui cantar”, solfeja em eufemismo e preciosismo

Dias há em que escreve com a delicadeza de uma mula (opa, contém ironia!)

Outros em que lança os versos pela janela com um lacônico “Que tédio!” em apóstrofe

Nesse jogo de encanta e cansa, o bardo executa sua dança

E nos diverte com sua graça, humano que é, esse figuraça...

 

Criei este poema para ajudar estudantes – do aluno do Fundamental ao concurseiro – a aprender se divertindo e, claro, para ajudar também a professores. Se você curtiu, compartilhe o poema para que ele possa divertir a mais necessitados!


Este poema obteve o segundo lugar nacional no Concurso Paulo Setúbal de Literatura 2024 (Tatuí - SP). Obteve ainda menção honrosa no 47º Concurso Literário Felippe D’Oliveira (Santa Maria - RS).

Assista ao vídeo da premiação e dramatização do poema, no Concurso Paulo Setúbal:




segunda-feira, 2 de dezembro de 2024

As Mais Belas Frases de Natal - Baixe o e-book gratuito

 


Apesar de toda a bagagem científica e filosófica acumulada, guerras seguem seu curso, volumosas ou restritas, envolvendo grandes e pequenas nações. A crise climática, até há pouco tempo contestada por negacionistas, lança seu horror nos quatro cantos da Terra, com duras consequências – principalmente para os mais pobres. A ameaça de novas pandemias paira, sombria, sobre todos os habitantes desta fragmentada aldeia global.

O mundo suspira, e tem feito suspirar já há tanto... As pessoas clamam por um alívio e mais, uma solução, uma explicação e sentido para o transcurso das coisas, um sentido ou porquê para seus dramas pessoais e os dramas da espécie.

Em meio a esse turbilhão de problemas e questionamentos, o Natal é um refrigério, um momento de reequilíbrio de forças e afetos, de re-união e alegria.

No entanto, o Natal tem tido seu sentido diluído pela liquidez consumista, pelo imediatismo e pelo secularismo que crescem e, em sua sanha, têm regulado por baixo as sociedades, robotizando ações e corações. Mas o Natal é fundamentalmente a festa da esperança, e esperançar é resistir.

Aqui, coligidas dos mais diversos autores, reunimos frases de luz, alegria e sabedoria sobre esta data que congrega a todos nós, em maior ou menor grau, na busca de um conforto, uma trégua de paz, memória e acolhimento.

Leia e compartilhe estas frases e este e-book, que é gratuito, com seus parentes, amigos e inimigos, se tiver algum. Sim, celebrar o Natal é celebrar a trégua e o perdão, a vida e o renovo.

 

BAIXE O E-BOOK PELO GOOGLE DRIVE, CLIQUE AQUI.


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