TE AGITAS PELO LOBO E O CORDEIRO
Tradução de Cláudio Aguiar
Te estremeces pelo lobo e pelo cordeiro.
Amas de forma ultra-humana, sem limites, como a música
do universo. Oh profunda sinfonia forjando
o sagrado do começo ao fim, alto pretexto onde domina
a esperança. Oh sucessão eterna que desencadeias
assonâncias, instintos laborando rumo ao magma
do transcendente, da cadência absoluta
concebida com o compartilhamento das águas profundas
e das saborosas delícias de um contravoo angelical
acomodadas para suportar o Vento mais copioso.
Estarás como a sempre-viva, qual presença transumante.
Ficarás na luz que não mata o pôr do sol.
Estando sem estar, tu eres evidência,
cérebro verbal destacando faíscas de pureza,
pulsações sem cativeiro, correta chamada de translação
além de anseios e de desvelados sonhos.
Pertencias ao terreno do Despretensioso,
ao seu ritmo oculto, à sua chama lenta, felizmente
extemporânea, qual aliança indecifrável.
Pertencias ao portal das testemunhas,
para profecia de outro Reino, ao refinado alento,
cuja plenitude reside onde floresce o sublime.
Integravas o verbo de uma estrela.
Pertencias ao corpo ferido de ternura sofredora.
Pertencendo à asa que desaparece pelos ares.
Pertencias à linhagem que coleta inocências de sete em sete.
Te perpetuas na antecipação da alegria
e ascendes, porque tua Unidade conhece a fórmula
das diásporas e dos deslumbramentos.
Clamas por tua orfandade. Clamas contra chicotes agressivos,
confraternizando com os perseguidos, abraçando-os,
compartilhando com eles a realidade dos milagres.
Nada te rebaixa,
criatura de nome formosamente pronunciado,
pele aliciante, contorno para penetrar
em frondes de renascimento quente.
Tu manténs o dom de ser o antes e o depois,
lâmpada iluminando os breves voos do pássaro, sua sombra
na alta noite do abismo.
Conduzes os fervores rumo ao amanhecer adolescente,
pulsas com tua estatura de Árvore da vida, regas violetas
com o leito de tuas transpirações.
Exemplo horizontal o das mãos estendidas,
o do pulso que sustenta! Beleza da forma na paisagem!
Oh Deus, que desejo nu é este Amor
avançando eterno, dando-se, assim, tão pródigo!
Que seivas estás doando? Que outros vaga-lumes te rodeiam?
Do livro Prontuário do Infinito (disponível AQUI)
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