Veio de longe, chegou o Menino que veio de longe do ventre da mulher. Chegou um homem que pelo frio do estábulo gemeu as sílabas profundas de um vagido.
Chegou um menino que deslocou o centro do céu para o mundo
Chegou de longe Deus, a carne nua com um coração humano, igual ao meu igual nas artérias e nas veias a qualquer judeu e com deltas onde o sangue desagua.
“Não era ainda o tempo das manhãs lavadas” Ruy de Carvalho
Não havia ainda lugar
para pendurar as manhãs, nem sol que arredondasse a ponta do dia à ponta da noite havia o vazio, um eco do fundo do abismo Não era ainda o tempo das manhãs de revestir de pérolas a fronte das rosas Deus passeava sobre o que havia de ter a beleza das suas mãos quebrado o silêncio original.
La neige quand elle tombe tombe oblique sur le visage qui un fil laisse à la peau, dévoile le manteau creuse les toits, force le vent à la danse sur le fil quand elle monte descendant constant en une mélodie oblique
c’est pour cela, pour ce manteau sans couture qu’elle est un étonnement nocturne en passant par les campanules où les troncs se déclinent à la danse qu’elle est l’expression la plus sublime du dessein céleste