BRANCA DE NEVE
Nunca houve mulher mais
amorosa
e mais disposta a todos.
De cada anão, de cada cão
ela subtraía o coração e
mais um gole
duma coisa qualquer. E ia
somando tudo,
para criar em sua mente
apreensora/disruptora
da Realidade, o Homem
Total –
princesinha policínica em
busca do ente polifálico.
Prestativa, amorosa como
sói acontecer
nas alcovas de Cleópatra
ou nas luas de Saturno.
CHAPEUZINHO VERMELHO
Ela é uma menina muito
especial
e tem sempre palavras
muito especiais
Ela tem uma Evazinha
dentro do coraçãozinho
e traz sempre as maçãs no
cesto,
são o seu cinturão de
granadas
Traja com graça tântrica seu
capuz vermelho & vivaz
que é para combinar com as
mui parrudas maçãs
Tem também, secreto em seu
espartilho,
um baralho incompleto,
onde falta
o Rei de Ouros
e propõe criativos e
sinistros jogos
a quantos famintos
encontra
CINDERELA
De carruagem em carruagem
ela avança,
estilosas abóboras Honda,
Hyundai ou Citröen.
Pelos seus (des)caminhos
despede sapatinhos
como quem atrai cães com
carocinhos
de ração, para a carrocinha
de seu coração, de cristal
swarovski
& para otários a
prisão.
Transforma pais de família
em sabão.
Omo.
GATA BORRALHEIRA
Destrói a bênção e chora
quando dá,
seu choro dura sempre a
exata metade
de uma noite, pois a mesma
noite
provê quem a console. É
uma escrava
de sua própria pulsão de
luta.
“Mulher tem que ser safada mesmo.”
Seu homem é pouco,
principezinho malsão
de salteadores, Hobin Hood
lento, bonzinho
demais, tapete de igreja.
Não é mais para ela.
Bom mesmo é o homem
alheio. Ela o quer,
e tudo que ela quer, ela
consegue.
Determinada. E poderosa.
Dane-se.
Ela é poderosa.
Seu celular de quatro
chips, o centro-de-sua-vida,
eletrônica Caixa de
Pandora, bloqueado
por floreada senha, é como
o raio de Zeus,
o arco de Diana: sua arma
de caça & extermínio.
Ave Eva, ovo donde cedo ou
tarde
eclode Jezabel!
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