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domingo, 20 de abril de 2025

Da borda, um poema de Sammis Reachers

 


Da borda

 

O sol nasce e seus corcéis.

 

Os dias explodem, fragatas sem pavio

sou sucessivamente sammis, ossos de crochê

muralhas sem borda,

quilha que desnorteia

a nau dum norte súbito

 

um capotado um flaneur um aluado falso autista

recarregando as energias negativas

para um meltdown

contra toda a positividade tóxica

ou um shutdown que gere

ao menos um bom poema

 

O que me esgota não tem nome

mas é o que nega flores à primavera

 

Comi um livro novo, indigeri seus albores

de açúcares engenhados

evadi-me inescapável por intra Mongólias

equatotiais, Aconcáguas de chão

fustiguei a chibata dos séculos, e a espada

amendoou-se até granada:

não poderia meu estupor (leitwort, leitmotiv) malhar-se até canção?

 

Olho nos olhos ruivos, rolhos uivos, uilhos lhovos

olhos ruivos crucificados no intróito,

na soleira da causa

 

Meu coração interdiz a meu cérebro:

acalma, mulato

e agradeça a Deus a luz não ser pedras,

chocando-se contra tudo.

 

 Sammis Reachers


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