CARTAS E RETORNOS
Para o poeta Sammis
Reachers
as cartas estão dadas –
com que sorte lançadas?
não vieram das garrafas ao mar
não foram aos meus pés jogadas
por um mensageiro ofegante moribundo
sobre seu cavalo rocinante
tendo atravessado o mundo
as cartas primeiras
as cartas estrangeiras
cartas de um correio dos céus
cartas chegadas
de um carteiro assassinado
encontradas após anos perdidas
nas catacumbas
de um sonho sepultado
no coração de um escriba apartado
cartas extraviadas
cartas devol/vidas
cartas ressuscitadas na escrita inviolada
cartas que me foram agora reveladas
cartas abertas
me falam de uma carta eterna
carta que pede
meu retorno urgente
do que me resta
ainda sobrevivente
retorna –
Vida ainda te espera
naquela tarde ruída
na mesma porteira caída
onde a deixaste
dizendo que irias logo ali
buscar a madeira para consertar
é a madeira que te escreve –
estou pronta cortada medida
aguardando seu retorno
esperando a partida
para ir no seu ombro
eu pouco ou nada peso
sou muito leve
retorna –
nossa porteira será uma janela erguida
onde Vida mais feliz que nunca
te verá chegar com olhos de primavera
nossa porteira terá uma cancela
sem ferrolho que se abrirá de longe
só com o piscar do olho
retorna –
veja atrás dessa missiva
o mapa para seu retorno
ali é dada
a estrada viva
que terás que tomar.
VIDA
VIDA
VIDAVIDAVIDA
VIDAVIDAVIDA
VIDA
VIDA
VIDA
VIDA
Pedro Marcos Pereira Lima
Ops... valeu amigo irmão pela publicação, foi uma singela homenagem ao poeta incrível que você é, sempre fiel à carta sagrada, que retorna nos poemas experimentais de alta poesia, desse seu livro.
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