Sensação de savana.
Sigo seus cabelos
tingidos de mato.
Carícias ágeis
e lábios de lança.
Poesia: linguagem animal.
Revolução do corpo.
Cálice carnívoro
de vitalidades desconhecidas.
Travessia nas cinzas do vinho.
A teus pés
sou bumerangue
arrepio, penugem.
Lobo-guará no
mel da intuição.
Nuvens vermelhas
de relâmpagos
predestinados
e gaviões repentinos.
Afirmação da vida.
Carrego a culpa
de não ser máquina.
Instantes súbitos
se desmancham na
navalha das revelações.
Supercílio do sol.
Luz arcaica que invade
as varandas da via láctea.
Surto soterrado.
Karma em alta tensão.
Apanhar num sopro
a orquídea da intuição.
Nutrir o milagre
dos girassóis silenciosos
à queima-roupa.
Oferenda vesperal.
Carrossel indomável
que doura o tempo..
Morada amarga da fruta
lampejo doce da saúva.
Luís Perdiz nasceu em Campinas/SP. Poeta, compositor e editor, coordena a revista eletrônica Poesia Primata, especializada em literatura brasileira contemporânea.
Desejo de terra, seu livro mais recente (do qual publicamos aqui alguns poemas), foi contemplado com a bolsa de Criação e Publicação Literária ProACSP. Com prefácios de Jorge Mautner e Claudio Willer, a obra retoma suas principais influências: o modernismo brasileiro, a tropicália, o surrealismo e a geração beat.
Acesse o site do autor: https://www.luisperdiz.com.br/
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