Sahhir, o Perscrutador,
encontra-se com Deus
Mercadejando metais e breves víveres nas plagas
da Mesopotâmia, umbigo-que-não-cicatriza do mundo, gastava-se o árabe criado
por judeus, órfão agregado a rebeldes, Sahhir.
Ironicamente
referido como O Devorador de Papiros ou O Perscrutador pelo rude populacho dos
mercados a quem servia, em certa e ditosa feita, enveredando sozinho entre o
deserto de Syn e a gloriosa Madinat as-Salam, dita Bagdá (Bag,
"deus", e dād, "dado"; "dado-por-Deus", no persa
médio, sexta das línguas de Sahhir), encontrou-se o curioso mercante com o Anjo
do Senhor.
Prostrando-se em terra, clamou por seu pecados.
- Que desejas, pequeno barro, semelhança do
Altíssimo?
Sahhir, locupletado de luz e horror, não
confabulou curas ou joias, palácios ou patentes:
- Sou pó e do pó lhe adoro, Deus de meus
benfeitores, e sei que morrerei por lhe contemplar. Sabes bem, ó Onisciente, que
desejo, com humildade, saber e apenas saber. Conte-me, rogo, como e para quê
fizeste o Universo.
- Tais questões fogem à capacidade que lhe dei, ó
enxertado, como o voar está distante de Beemoth-a-baleia. No entanto, naquilo
para o que a engendrei, vês como é deveras insuperável e poderosa?
- Sei bem que não poderei entender, Senhor; a
mim me basta o ser maravilhado.
Sammis Reachers
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