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domingo, 24 de março de 2013

Odisseu



Odisseu

Tem misericórdia de minha incredulidade, Jove
quando mina minha nau o caos da vaga
e murmuro contra os mundos

Obrigado pelas noites, quando deito-me em minha posição fetal
e estou novamente no ventre de minha mãe,
no ventre de Tuas mãos
e há paz

Mas de dia
ao contemplar a multiplicidade dos braços
de Poseidon e de Hades
golpeando o mundo e buscando abraçar-me
visto-me de escândalo
- como deuses derrotados
podem gritar tão alto?
Eles não tentam atingir-me com espadas
mas têm palavras doces em meus ouvidos
e as recitam suaves
e a cada dia e a cada vez mais
tenho que ser amarrado ao mastro
suportando a morte que vem na sereia
pois eles não tentam me atingir com espadas!, cães!,
como eu gostaria
mas com música suave e tépida
eles vêm pela surdina do dia, dos olhares
combatem como fêmea e como serpente

e cansei-me até a morte de todas as guerras

preciso retornar à Ítaca, Senhor
não tenho medos mas tenho um medo
de ser um repetidor do primeiro homem,
o de nome apagado, a caixa-de-caos matricial,
bastardo pai ou aborto de Pandora

depois da estranha vitória em Tróia
navego dez anos
pelo mar oceano
sou como um andarilho despedindo-me de tudo
vendendo meu adeus para as pedras e torres
combatendo o espanto das ilhas, servindo armas
em meu ofício de armeiro
para todos gregos que me deste encontrar

mas preciso chegar em casa, Pai
em Ítaca e olhar com meus olhos cansados nos olhos cansados de meu amigo Argos,
cão que roubei de Menelau em Esparta
meu cão, o único soldado a ainda oferecer combate
às hienas dos meus inimigos nas ruínas de meu palácio destruído

Preciso postar uma rosa ilírica no túmulo de Penélope,
no túmulo de Telêmaco
e render meu(s) espírito(s)
em solo seco e Teu.

Conheci 34 invernos, a adaga e o mel.
E a mim me basta.

Sammis Reachers

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