“en tinta púrpura
da prensa escorre o poema da vida”
Ramón Blanco
esmaga a uva
até lhe retirar a tinta no palato
os dedos contam as gotas
que escorrem devagar
ao batimento de cada raio de sol
enquanto a aranha tece
a mortalha para a mosca
as pipas e tonéis abrem-se
de espanto para a nota rubra
de frutos silvestres
que sairá da obra de desespero das suas mãos
então, o que esmagou e matou
no lagar, lugar em que são as promessas geradas,
é o que dá a vida aos homens
é o sangue, pelo qual navega
tudo quanto resgata
ao adormecimento dos lábios
e tece na língua um poema tinto
de final longo
Rui Miguel Duarte
1/04/12
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