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segunda-feira, 18 de novembro de 2024

Fabulário Índigo, novo livro de contos de Sammis Reachers

 



A presente coleção de contos, caprichosa ou inconsequentemente designada Fabulário Índigo, é um pequeno tour de force cujas narrativas transitam desde a ficção científica utópica e distópica à hodierna crônica da violência urbana, da fábula moral ao experimentalismo metafísico, do suave horror ao humor mais escrachado. Tais eixos genéticos/genéricos não são de todo insulares, independentes, mas costumam se interpenetrar ao longo dos trinta e um contos aqui reunidos.

Costumo dizer que escrever poesia é encontrar imagens, enquanto escrever prosa é encontrar saídas. Poeta com infiltrações na prosa, aqui busquei saídas, embora, fiel à minha nomeadura, não me esqueci nem escarneci do poder fundacional e transcendental das imagens.

Em termos bibliográficos, iniciei minha produção ficcional com O Pequeno Livro dos Mortos, volume de contos publicado em 2015. De lá até aqui, a produção se desdobrou em momentos de maior ou menor euforia, ao sabor dos ventos benfazejos/malsãos da inspiração. Este Fabulário, espero, é a continuação e o alargamento não de um esforço, mas de um tão humano prazer de contar.

*   *   * 

Alguns dos contos do livro receberam boa acolhida em concursos e revistas literárias.

O conto que abre a obra, A Segunda Vida de Gregor Samsa, foi escrito imediatamente após a publicação de O Pequeno Livro dos Mortos, e foi publicado na Revista Philos v.3 n°.24 (2017). Em 2020, saiu na Revista LiteraLivre (v. 04, n. 21).

Sahhir, o Perscrutador, encontra-se com Deus foi igualmente publicado pela Philos, ainda em 2017 (Philos v.3 n°.24), sendo veiculado também na Revista Ligeiro Guarani (v. 03, n. 03, 2020).

A Solução Final foi publicado na revista Brasil Nikkei Bungaku (n.64, 2020), bem como no site Escrita Cafeína.

A Ilha obteve a primeira colocação em sua categoria no II Concurso Literatura de Circunstância, organizado pela Universidade Federal de Roraima; recebeu ainda Menção Honrosa no 19º Concurso Literário Paulo Setúbal, promovido pela cidade de Tatuí – SP, ambos em 2021.

O conto Na Véspera de Um Dia Santo Numa Cidade Fulminante foi um dos vencedores do concurso promovido pela Editora Dando a Letra, sendo publicado na antologia Quem Será Pela Favela?.

Seu Onório do Bairro Antonina foi igualmente um dos vencedores do primeiro concurso Contos Fantásticos Niteroienses, sendo publicado em livro pela Vira-Tempo Editora.

O conto Estranho Horror na Senzala da Fazenda Colubandê foi publicado na Revista Mystério Retrô em sua edição de n.15/2021.

Como Quem Guarda Uma Cidadela foi publicado no primeiro volume da Revista Estrofe, em 2022. E também saiu na Revista Sarau Subúrbio, em 2021.

Para além disso, a maioria dos contos foi publicada em minha coluna no Jornal Daki, veículo de informação e opinião de terras gonçalenses.


O livro impresso (formato 14x21cm; 204 páginas) está disponível para aquisição diretamente com o autor, ao preço de R$ 30,00, já com valor de frete incluído. Escreva para o e-mail:  sreachers@gmail.com ou pelo Whatsapp, (21) 98766-5576 .

Se você desejar o livro eletrônico, ele está disponível pela Amazon, ao preço de R$ 4,99, ou gratuito para aqueles que possuem a assinatura Kindle Unlimited. Confira AQUI.


sexta-feira, 8 de novembro de 2024

Revista De Higgs: Nasce um novo periódico focado em ficção científica e fantasia cristã



 Pelas mãos dos editores Eduardo Y. Nishitani e João G. Moreira, é com prazer que assistimos ao surgimento de uma nova revista, a De Higgs. Voltada para os temas de ficção científica e fantasia cristãs, a revista publica também poemas, entrevistas e resenhas. A revista circula no formato eletrônico, e é gratuita.

São palavras do editor executivo, Nishitani:

De Higgs nasce do sonho de glorificarmos ao Criador do Universo com nossos dons e talentos, principalmente no campo da escrita.

Nós da equipe da De Higgs estamos jubilosos pelo resultado e honrados pela presença dos autores que estão conosco na histórica edição inicial. Os diversos estilos de textos que tivemos o privilégio de degustar com os olhos superaram nossos anseios. Contos, entrevista, meditação, poema... enriquecem essa primeira edição.

Essa revista digital demonstra nossos ideais, de que podemos consagrar dons, talentos, abstrações artísticas... ao Infinito e Eterno. Uma das metas é, juntos, explorarmos as fronteiras da ficção científica e/ou da fantasia, para expandirmos as formas de espalharmos as profundas verdades cristãs.

Acreditamos na força (que a Força de Deus esteja conosco) da união (que não faz apenas açúcar) que a revista pode proporcionar: unidos, desenvolvermo-nos para criar textos inspiradores. Cada novo escritor cristão que surge é mais um que espalha sementes do Reino. E ambicionamos alcançar o número 2 do De Higgs, seguindo na velocidade e trajetória traçadas pelo Senhor dos Exércitos, aspirando ultrapassar a exosfera. Convidamos a todos: viajemos imaginariamente utilizando papel, caneta, lápis, PC, tablet, smartphones... rascunhando, desenhando, compondo, lendo, escrevendo, relendo, anotando, frisando... com todos os gêneros e subgêneros da ficção científica e/ou fantasia, sempre com viés cristão.

Caso haja discordâncias de opiniões, lembremos de uma das frases do Agostinho de Hipona: "No essencial, a unidade; na dúvida, a liberdade; em tudo, a caridade." 

A revista está aberta para a receber textos (contos, mas também crônicas, resenhas etc.) para avaliação e eventual publicação nos próximos números. O edital está sendo preparado. Se você é autor, fique atento.

Nesta primeira edição, há contos, crônicas e devocional, além de poesia e uma entrevista com o escritor e editor Sammis Reachers.

Contato com o editor: eduardonishitani@gmail.com

Para baixar o seu exemplar pelo site Google Drive, CLIQUE AQUI.


quinta-feira, 31 de outubro de 2024

Wagner Sales Entrevista: Sammis Reachers

 No dia 05/07/2024, participei de uma entrevista, ou melhor, um descontraído bate-papo com o jornalista Wagner Sales, em seu programa Wagner Sales Entrevista. A conversa versou sobre a realidade política e cultural de nosso município, São Gonçalo, bem como sobre literatura, educação e meus livros. Confira:



sexta-feira, 18 de outubro de 2024

𝗩𝗮𝗽𝗼𝗿 𝗱𝗶𝗴𝗶𝘁𝗮𝗹 - Lucio Carvalho

 


Desde que o primeiro booktuber pisou no planeta, não aconteceu nada que merecesse muito registro. Apesar disso, o fenômeno prolifera e começa aqui e ali a ser estudado. Em revistas acadêmicas, o assunto aparece em vários artigos. Não sei se já foram escritas teses a respeito, afinal, como disse há poucos dias aqui, encontrar informações quanto a teses no Brasil é um caminho destinado à desventura e ao desengano.

Talvez o mais adequado fosse que o assunto fosse abordado pelos estudos em Comunicação, Mídias, Estudos Culturais, etc., como um fenômeno de massas, mas é no universo das Letras que a presença destas pessoas tem mais impactado. Dada a disseminação massiva do uso da internet não deixa de ser previsível, embora, na minha opinião, o impacto dessa exposição continuada me pareça bastante superestimado.

Assim que, futuramente, será corriqueiro encontrar na história da crítica literária os nomes de Wilson Martins, Otto Maria Carpeaux, Franklin de Oliveira, Lucia Miguel Pereira, Ligia Chiappini e tantos mais ao lado dos de Bel Rodrigues, Melina Souza, Tatiana Feltrin e etc. Será? Não temos distância, porém, considerando as aparências comunicativas, tudo indica que sim. Talvez, em profundidade e com a passagem do tempo, tudo acabe revelando-se como vapor digital. Seja como for, nada melhor que a internet na promoção do contágio entre campos e especialidades. Quem vivê-la verá.

Mas os números impressionam. Um alienígena que aqui chegasse imaginaria que não se trata de um país cujo número de leitores se mantêm em declínio constante, isso de acordo com a pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, a única com uma série consistente. O número de seguidores de perfis e canais literários extrapola a casa dos milhões. Em contrapartida, o principal jornal literário brasileiro, o Rascunho, não conta com 40.000 seguidores no Instagram. As demais revistas, sites e blogues engatinham com números infantis numa internet povoada por influencers que postam (e supostamente leem) na velocidade dos guepardos.

É a facilidade do clique e a tentação da selfie, dirá aquele escritor pouco entusiasmado pelo "engajamento" digital. É tudo pseudo-literatura, asseverará aquele poeta amargurado. Seja quais forem os diagnósticos, a realidade (visível, mas intangível) é acachapante.

Não importa que na Flip um famoso da hora não venda 200 exemplares, a sensação visual do mundo instagrâmico é de apenas flamantes sucessos. Os eventos flopados não são instagramáveis, os livros lançados há dois anos nos balaios também não. As evidências de que são os livros evangélicos os grandes best-sellers desta época nem pensar. Este é um mundo estritamente positivo que devora a novidade, mas sabe-se lá que memória ele deixará num futuro que ainda precisa se fazer possível de existir.

*     *     *

Lucio Carvalho é escritor e editor. Lançou recentemente o romance Down House, 1858 (AQUI). Edita a revista literária Sepé (AQUI).



sexta-feira, 4 de outubro de 2024

Sobre o livro Cartas e Retornos, por George Vinhas Gonsalves

 


Recentemente, tive uma das melhores experiências literárias da minha vida ao ler CARTAS E RETORNOS, livro de poemas de Sammis Reachers.

O vasto vocabulário empregado em uma grande variedade de temas (praça, amigo, Bíblia, café, Cristo, gatos, livro, perdão, rosa, por exemplo), muitas vezes de cunho pessoal, nos evocam lembranças e imagens que nos fazem viajar por lugares e épocas a cada página lida.
Logo no primeiro poema, “Carta à Árvore”, temos este instigante verso:
Obrigado eternamente obrigado
Por alimentar-nos
De proteção e pão
Por verdecer para que não
Ressecássemos
Nós vorazes algozes agradecemos
Por nos servir
De berço,
Púlpito
E esquife
Nos poemas que fazem referência à fé há versos preciosos, como em “Carta à Bíblia”:
Orquestra de virtuosos de pó
66 partituras em mãos
dum Espírito regente
régio & magistral
Em “Carta ao Cristo”, há algumas fascinantes letras sobre o nosso Senhor:
Conquistador em andrajos
Pétala de sangue
Amor embaraçoso
Azorrague de Deus e retardador do azorrague de Deus
[...]
Companheiro de más companhias
Nota promissória contra o fracasso
Da História
Lido por mim em um período de enfermidade e solitude os versos de Sammis me elevaram a outra dimensão. Fizeram-me sair de meu quarto e andar pela cidade encontrando carteiros, poetas, chuva e vento.
Ao colocar para o autor minhas impressões, ele me disse que o livro tem “muito de experimental” e que tentou “passar valores os mais humanos” que conseguiu. De fato, os dois aspectos saltam aos olhos ao folhearmos a obra. Mas, ainda há: a percepção de que a vida pode ser mais fascinante quando a olhamos com o coração e de que nossos temores podem ser enfrentados, afinal como escrito em uma das páginas da obra:
Do outro lado do teu medo há um palácio.

George Vinhas Gonsalves


O livro Cartas e Retornos, no formato e-book (pdf) pode ser baixado gratuitamente. CLIQUE AQUI.
O livro impresso pode ser adquirido diretamente com o autor. Escreva para sreachers@gmail.com .


terça-feira, 24 de setembro de 2024

BULUNGA: Literatura e humor em revista

 


BULUNGA é uma revista de literatura e humor de periodicidade mensal que veicula, a cada edição, contos, crônicas, entrevistas, poemas e resenhas.

Tocada pelo editor Michel Salomão, conta em suas fileiras com o combativo escritor Jorge F. Isah, amigo de longa data. E a partir da edição 33, passei a fazer parte do time de articulistas, comparecendo com duas crônicas.

Transitando pelos mais variados temas da história e do cotidiano, Bulunga consegue instigar e provocar de maneira agradável, além de municiar seus leitores com farta dose de humor, cura possível para nossos tempos conturbados.

Leia gratuitamente esta e outras edições de Bulunga no site: https://bulunga.com/


domingo, 15 de setembro de 2024

Dois poemas de Edgar Guest

 


Não poderia ser feito

 

Alguém disse que não dava pra fazer

Mas ele respondeu com um sorriso animado que talvez não desse

Mas que ele não ia ser quem isso ia dizer até ter tentado.

Ele pôs mãos à obra, e com um sorriso tranquilo,

À preocupação ele não deu vez.

Começou a cantar enquanto fazia aquilo

que “não dava pra fazer”,

E ele fez!

 

“Você nunca conseguirá!”, alguém zombou,

“Nunca ninguém conseguiu até agora”.

Mas logo o chapéu e o paletó ele tirou

e começou a trabalhar sem demora.

Com o rosto erguido e um sorriso tranquilo

sem duvidar nem mostrar flacidez,

Começou a cantar enquanto fazia aquilo

que “não dava pra fazer”,

E ele fez!

 

Há milhares que dizem que não dá pra fazer,

Milhares profetizam que não pode ser,

Há milhares pra mencionar e dizer, um por um,

os perigos que você vai correr.

Mas encare-os com um sorriso tranquilo,

Tire o paletó e comece a trabalhar;

Comece a cantar enquanto faz aquilo

que “não dá pra fazer”,

E você o fará!

 

 

“Não Desista!”

 

Quando as coisas dão errado como acontece na vida,

Quando a estrada pela qual você se arrasta parece ser só subida,

Quando os fundos são baixos e você se vê endividar

E você quer sorrir, mas só pode chorar.

Quando a preocupação nos pressiona e nos salta à vista,

Descanse se precisar, mas não desista.

 

O sucesso é o fracasso virado ao avesso —

O cinza das nuvens da dúvida e do medo;

E não dá pra dizer o quão perto você está,

Pode ser que seja aqui quando parece que é lá;

Então aguente firme quando algo lhe ferir—

Quando as coisas parecem piores é que não se deve desistir. 


Tradução de Mário Ciervo


sexta-feira, 30 de agosto de 2024

Exércitos Sanguinários, de Carlos Beija-Flor: Um poema sobre o aborto

 


Exércitos Sanguinários

 

Carlos Beija-Flor

 

Ecoam pelos espaços

vozes aflitas

de aflitas crianças...

 

    São gemidos...

    É a morte ...

 

O céu toldou-se

com nuvens brancas,

com nuvens de almas.

 

Ecoam pelos espaços

vozes aflitas

de aflitas crianças...

 

— Herodes,

tu, que tudo podes,

por que foges?...

 

— Tenho as vestes manchadas

com o sangue das crianças...

Mas... sou, acaso,

o único assassino

de inocentes? —

 

— Foge, Herodes,

as crianças vêm,

aquelas, de Belém! —

Ecoam pelos espaços

vozes aflitas

de aflitas crianças...

 

... ... ... ... ...

 

    Eis, que um exército sanguinário

    ao sanguinário Herodes se une:

    São pais desalmados

    e mães desnaturadas

    de mãos inda sangrentas

    pela morte dos filhos-não-natos...

 

E Herodes, com eles se consola...

Ele, não é o pior.

Esses, os pais, mataram as crianças

ainda em flor...

 

Não toleraram que chegassem

a ver a luz do dia...

E Herodes, com eles se consola.

 

Ecoam pelos espaços

vozes aflitas

de aflitas crianças...

 

São elas as almas

de crianças-não-natas

assassinadas pelo aborto,

sem que pudessem chegar ao porto...

 

Mortas

sem que as portas

do batistério

se lhes abrissem!...

 

Eis que o exército sanguinário

do sanguinário Herodes avoluma,

são pais desalmados

e mães desnaturadas

procurando esconder

as sangrentas mãos.

 

O exército sanguinário

Avoluma... avoluma...

— agora, já são exércitos!

 

    Os exércitos sanguinários

    com Herodes, fogem, espavoridos

    pela vasta Belém do mundo...

 

    É que, pelos espaços

    as vozes aflitas

    das aflitas crianças...

    os perseguem...

 

    Ei-los, que aos atropelos

    os exércitos sanguinários

    se precipitam...

                           no abismo...

                                        infernal...


No livro Natal - Antologia natalina em verso e prosa, de Mario Garde.



Para baixar gratuitamente o livro O Aborto em Frases, Poemas e Ilustrações, CLIQUE AQUI.


segunda-feira, 19 de agosto de 2024

A melancolia no fazer poético de Álvares de Azevedo explorada por Antônio Nogueira em livro

 


O fazer poético de Álvares de Azevedo: caminhos traçados através da melancolia (Editora Dialética, 2024. 100 págs.).

A melancolia sempre sombreou a poesia e a filosofia. Musa que inspira e nêmesis de acossa, é entidade bifronte feito o deus romano Janus. Com o advento dos estrondos da tempestade e ímpeto, o movimento Sturm und Drang alemão que fundou o romantismo como o conhecemos, tal ente humano demasiado humano teve sua máscara, seu véu ou mortalha desvelada; e seus humores, daí em diante, ganharam potência viral.

Já que falamos de Roma, a melancolia cumpre papel de deusa lar, diáfana e também íntima, de quem o poeta é ao mesmo tempo altar e holocausto.

A originalidade e o individualismo trabalhados pelo Romantismo têm em Álvares de Azevedo uma figura emblemática. O amálgama de melancolia e ironia, irmanação criativa que ditaria normas em ampla parcela da literatura universal subsequente, toma Azevedo como expositor ou refém.

Melancolia, mal do século, spleen? Cedo Álvares ouviu seu chamado, uivo primeiro da noite inaugural (o amaldiçoado Dia Um fora do Éden), e cedo foi sacrificado, altar que a si mesmo se consome, execução-pela-implosão do ideal romântico, ente agônico de tempestade e ímpeto.

Neste seu O Fazer Poético de Álvares de Azevedo: Caminhos Traçados Através da Melancolia, Antônio Nogueira busca desvendar os processos e a poética de Azevedo, elencando a melancolia como eixo axial de sua pesquisa, e devassando a atitude dúplice do autor de Lira dos Vinte Anos e Noite na Taverna, seu jogo autoral onde aceita/renega sua condição de bardo romântico, seu fazer e suas influências.

Com acurado escrutínio e sob o amparo de formidável fortuna crítica, é a tal fortuna mesmo que Antônio busca e alcança expandir, como esta sua obra seminal, fruto de sua dissertação de Mestrado.

Aos leitores recomendo, não como acadêmico, mas na condição de poeta e um também fulminado pelo vírus melancólico, este aprazível estudo sobre um poeta e sua época, um tema e suas implicações que, universais que são, dizem respeito a todos nós.

Sammis Reachers

O livro está disponível no site da Editora Dialética, AQUI.


terça-feira, 13 de agosto de 2024

Sammis Reachers: Algumas frases sobre os LIVROS

 


O livro é uma ferramenta a um tempo prática e mítica: Ponte para os mundos possíveis, portal para os impossíveis.

 

Como Cristo, o livro é uma majestade que lava os pés dos que se lhe achegam, e graciosamente lhes serve a mesa.

 

O livro é um barco que te ensina a nadar.

 

Ler é encontrar melhores respostas que nos municiem na elaboração de melhores perguntas. Ou encontrar melhores perguntas.

 

Pegar um livro bem velho na estante, abrir e cheirar... É mergulhar num estranho loop de prazer, uma volta às origens (mas de quem? Minhas, como leitor dos livros velhos de meu pai? Ou as origens da literatura?). Um cheiro bem mais antigo do que eu, e que no entanto remete a mim mesmo, ao meu âmago, como se fosse o MEU próprio cheiro, ou uma parte inviolável e fundacional de meu tacanho ser.

 

Um livro de poesia é um ato de fé. Um engajamento. A ação transcendente de uma carga metafísica mais que a materialidade pronta (e nisso estacionária) de um objeto.

 

Não importa o tema ou o gênero, número de páginas e sequer o autor: um bom livro será sempre aquele que arrancar você do chão, que fundar um dia especial dentro dos dias.

 

É comum, por exemplo, eu publicar um livro hoje de manhã e já pela tarde, "entediado", abrir o arquivo de algum outro projeto e dar alguma pincelada. Costumo dizer que não publico um livro: Me livro dele. O sentimento, se é de dever cumprido, é sempre e ainda mais de libertação, de alívio. Liberto da cangalha, sinistra e imediatamente sinto sua falta: E tornamos, devagar e sempre, no ritmo já acostumado, ao trabalho de formiga.

 

Dia vem em que você vai 'abrir' um livro e ele vai pedir login. E, baseado em suas preferências globais, num sistema parecido com o que Google ou Facebook rudimentarmente usam, para direcionar-lhe propagandas personalizadas conforme seu perfil, ele vai configurar a história, 'especialmente' para você. Um livro não terá 'uma' história: um livro terá campos probabilísticos de narratividade, como eu gosto de conceituar. Espere só um pouco. Espere a inteligência artificial dar o próximo salto.

 

Os livros são as células-tronco do organismo dito Civilização. Ou um tipo de tijolo de antimatéria, usado para desconstruir prisões.

 

Um livro antigo cumpre uma dupla função: Alicerça, ainda que apenas moralmente, tanto uma biblioteca quanto o seu possuidor.

 

Além do fluxo de alimentos, o outro trânsito que nunca deve cessar numa casa é o fluxo de livros.


Sammis Reachers


 

quarta-feira, 10 de julho de 2024

AMPLITUDE, revista de ficção e poesia cristãs, chega a seu quarto número. Baixe o seu exemplar


Foi em julho de 2019. Há cinco anos atrás saia o terceiro e idealizado-para-ser o último número de Amplitude. E da terceira para a segunda edição, o lapso fora já de três anos. Como um editor pode explicar uma periodicidade assim? Me ajude, amigo leitor!

Cara de pau por cara de pau, deixe-me replicar um trecho de minhas desculpas pelo enorme hiato entre a segunda e a terceira edições, citando a mim mesmo:

 

Neste tempo, pude dedicar-me, além dos compromissos acadêmicos, à edição de diversos livros e recursos em serviço da igreja e da Literatura, e à manutenção religiosa dos blogs de serviço.

 

Sim, nestes anos todos não cessamos de produzir livros e recursos, tanto  enquanto autor, quanto como organizador e editor (dê uma olhada em nossa biblioteca de recursos gratuitos, AQUI ). Mas nada podemos contra a verdade, senão pela verdade. E a verdade é que editar uma revista — ainda mais uma com as propostas de Amplitude — é trabalheira de assustar até a um editor já meio calejado. Por isso seu irregular avanço e eventual queda — queda não, tropeço — para o prático, embora doloroso, abandono.

No entanto, compreendemos por fim que Amplitude precisava viver. Mas as dificuldades permaneciam as mesmas; assim, como recolocá-la em sua jornada? A solução encontrada foi retomar as atividades entregando ao leitor uma revista mais enxuta, embora mantendo boa parte das seções que ditaram o estilo da publicação. Opa, na verdade criamos até novas seções, como a de Games ou a Pharmacia.

Com a retomada, inauguramos também a chamada para publicação, abrindo espaço para que autores submetam suas obras para a seleção e eventual veiculação na revista.

Amplitude é uma revista de posição e cosmovisão declaradamente protestante; no entanto, somos amplos em nossa irmanação criativa com nossos co-navegantes do mistério do Deus de Abraão, Isaque e Jacó: Cristãos de todas as vertentes podem ser lidos em Amplitude. Nesta edição, temos poesia e contos, crônicas e artigos, quadrinhos, resenhas de livros e até de games para refrigerar nossas almas.

O trabalho de Amplitude é fruto e consequência de um esforço de divulgação e promoção literárias iniciado no já longínquo ano de 2006, com o blog Poesia Evangélica. Até hoje, o blog já publicou em torno de 700 autores, desde iniciantes a grandes nomes do protestantismo brasileiro e mundial — alguns, de quem você jamais imaginaria terem escrito poemas. E o blog segue a todo vapor, com postagens a cada dez dias, em média. Não deixe de visitá-lo: www.poesiaevanglica.blogspot.com .

No mais, tenha uma boa leitura, e compartilhe esta revista com quantos você puder.

      Sammis Reachers, editor


PARA BAIXAR SEU EXEMPLAR PELO GOOGLE DRIVE, CLIQUE AQUI.

A revista também está disponível no Google Play Livros, AQUI.

Issuu, AQUI.

Scribd, AQUI.

SlideShare, AQUI.


sexta-feira, 28 de junho de 2024

Saudade da infância primordial ou (d)a alegria do dia primeiro

 


Há algo, instância ou substância, ou um amálgama das duas, de que a infância é cheia. Nascemos com (n)esse estado-substância, meio mítico, meio divino, que rescende a Criação, a Éden, a inauguração das alegrias de Deus. E daí o que fazemos é perder tal situação-potência, vê-la diluir-se nos dias, na transumância da vida social, seus tratos e contratos. Ou a entropia não violaria as almas?

E o resto da vida, dos homens ao menos, pois percebo uma imunidade natural em muitas mulheres, é correr atrás desse vento que se foi, e que, não tendo forma e pior, nome, nos escapa pelo bueiro do inominável.

Há formas de contrabandear fagulhas, muito fagulhas e algo falsificadas, do referido sentimento. Este coleciona brinquedos; aquele, repassa velhos filmes, de ano em ano; eu escrevo poemas.

Não é a orfandade do Éden, que fulmina homens, mulheres e até a animália do campo; é algo mais específico, que adentra o Éden até um ponto inicial, um monturo de barro; é orfandade do PRIMEIRO DIA.

Sammis Reachers


domingo, 26 de maio de 2024

Três máximas para uma vida vitoriosa


Tenho por prazer antigo vasculhar livros em busca de máximas, citações que comportem, em resumo e forma, o suprassumo da sabedoria humana. Nessa jornada de sofá deparei-me com um turbilhão de frases desconcertantes, que nos levam em direções inesperadas; outras, portadoras de um poder de fulminação capaz de nos fazer tombar, extasiados. Mas o que percebi, no acumulado, é que a sabedoria humana fundamental (exprimível, sempre, na forma de máximas) é simples, e pode ser apreendida, conservada e praticada por qualquer pessoa.

Bem, de minha parte, se me coubesse lhe apresentar um resumo de sabedoria, eu poderia tecer máximas de máxima simplicidade e surpreendente economia. Sua falsa obviedade, seu ar simplório, escondem o segredo de uma vida bem vivida, em tudo proveitosa – para si e para os demais navegantes de nossa espécie. Vamos lá?

 

Uma máxima em apenas três palavras: Creia em Cristo

Em duas: Seja homem

E em uma única palavra: Aja

 

Ah, mas eu sou mulher... Pois bem minha filha, faça isso, SEJA MULHER, com o melhor que puder entregar.

 

Sammis Reachers


domingo, 12 de maio de 2024

O ABORTO em Frases, Poemas e Reflexões: Coletânea em e-book gratuito


O tema do aborto tem mobilizado mentes, corações e culturas ao longo da história. Nos dias de hoje, tornou-se questão incontornável, transcendendo delimitações sanitárias, sociológicas, políticas e religiosas para inserir-se no centro do debate público.

Temos, ao longo dos anos, editado diversas antologias, dos mais variados escopos e amplitudes. Em sua maioria, antologias poéticas ou de citações. Para execução de tal atividade, é de praxe a aquisição e/ou consulta de livros no gênero, e o leitor deve saber que é relativamente farta a disponibilidade – no caso das citações – de livros de frases em nossas prateleiras. No entanto, transitando, por prazer e a trabalho, por dezenas de antologias e mesmo dicionários de citações, jamais vimos o verbete “aborto” categorizado em obra alguma. Até citações esparsas sobre um tema tão significativo estão curiosamente ausentes deste gênero de literatura. Assim, tomamos para nós a tarefa de, mesmo reféns da brevidade, organizar e disponibilizar a presente obra, de maneira alguma exaustiva, sobre esse assunto vital.

E este pequeno livro é na verdade uma antologia multigêneros: às diversas citações sobre o aborto, unimos uma seleção de poemas e, por fim, uma coleção de pequenos textos de reflexão que ajudarão a iluminar nosso entendimento sobre o assunto.


       Esse é um livro gratuito, que nasce em serviço da sociedade e da melhor das intenções. Convidamos você a ler e também a compartilhar este conteúdo, com quantos achar conveniente.

Para baixar o seu exemplar gratuitamente pelo site Google Drive, CLIQUE AQUI.


quinta-feira, 25 de abril de 2024

Fanzine SAMIZDAT #7, edição especial: Metapoesia. Baixe o seu!

 


O fanzininho Samizdat, publicação irregular que reúne meus textos (frases, poemas e contos), chegou à sua sétima edição, a primeira de 2024 (não costumam sair muitos por ano...).

O enfoque aqui é a metapoesia, ou seja, a poesia que, nariz em riste, fala de si mesma. Além dos poemas, frases e pensamentos sobre a poesia e o fazer poético compõem a humílima edição.

Você pode baixar o seu exemplar em PDF pelo Google Drive, clicando AQUI.

Tire cópias, distribua. Ajude a cultura fanzineira a sobreviver.

Um dos poeminhas do zine...

terça-feira, 27 de fevereiro de 2024

A Disciplina do Amor, um conto de Lygia Fagundes Telles



 Foi na França, durante a segunda grande guerra. Um jovem tinha um cachorro que todos os dias, pontualmente, ia esperá-lo voltar do trabalho. Postava-se na esquina, um pouco antes das seis da tarde. Assim que via o dono, ia correndo ao seu encontro e, na maior alegria, acompanhava-o com seu passinho saltitante de volta a casa. 

 A vila inteira já conhecia o cachorro e as pessoas que passavam faziam-lhe festinhas e ele correspondia, chegava a correr todo animado atrás dos mais íntimos para logo voltar atento ao seu posto e ali ficar sentado até o momento em que seu dono apontava lá longe. 

 Mas eu avisei que o tempo era de guerra, o jovem foi convocado. Pensa que o cachorro deixou de esperá-lo? Continuou a ir diariamente até a esquina, fixo o olhar ansioso naquele único ponto, a orelha em pé, atenta ao menor ruído que pudesse indicar a presença do dono bem-amado. Assim que anoitecia, ele voltava para casa e levava a sua vida normal de cachorro até chegar o dia seguinte. Então, disciplinadamente, como se tivesse um relógio preso à pata, voltava ao seu posto de espera. 

 O jovem morreu num bombardeio, mas no pequeno coração do cachorro não morreu a esperança. Quiseram prendê-lo, distraí-lo. Tudo em vão. Quando ia chegando aquela hora ele disparava para o compromisso assumido, todos os dias. Todos os dias. 

 Com o passar dos anos (a memória dos homens!) as pessoas foram se esquecendo do jovem soldado que não voltou. Casou-se a noiva com um primo. Os familiares voltaram-se para outros familiares. Os amigos, para outros amigos. Só o cachorro já velhíssimo (era jovem quando o jovem partiu) continuou a esperá-lo na sua esquina. As pessoas estranhavam, mas quem esse cachorro está esperando?... Uma tarde (era inverno) ele lá ficou, o focinho sempre voltado para “aquela” direção. 

in A disciplina do amor (1980, Nova Fronteira)